Presenças, ausências e o silêncio sobre a origem dos recursos no Juruá
Imagens reproduzidas do Portal da
Prefeitura de Cruzeiro do Sul
Rapidinhas
com UrtigaDoJuruá
Sábado
13,dezembro 2025
Por Neto Gontran/Jornalista
njunta e a "caravana" de sexta-feira
Na última sexta-feira (12), o prefeito Zequinha Lima, acompanhado de sua equipe
e de uma comitiva de vereadores, cumpriu agenda na comunidade Tatajuba, no Rio
Juruá, onde inaugurou uma escola. A ação se estendeu ao Rio Valparaíso e à
comunidade Tartaruga, com a entrega de 500 cestas básicas.
Chamou a atenção a presença de menos da metade do Poder Legislativo. Estiveram
ao lado do prefeito somente os vereadores Josafá Vale (UNIÃO), Manam Rural
(PDT), Zé Roberto (PP), Tenente Coronel Rômulo (Republicanos) e Anderson
Jerimum (Republicanos). Uma demonstração de fragilidade da parceria
institucional.
Sábado: O Legislativo desaparece da foto
Já neste sábado (13), o cenário mudou. O prefeito e sua equipe estiveram no Rio
Juruá Mirim, na Comunidade Cachoeira do Açaí, para inaugurar mais uma escola e
entregar 350 cestas básicas às famílias ribeirinhas.
Contudo, ao que parece, os vereadores perderam essa importante atividade. Nenhum
dos parlamentares que participaram no dia anterior apareceu nas imagens
divulgadas pelo prefeito ou pela assessoria do município. A ausência do
Legislativo em uma agenda de igual importância levanta questionamentos sobre a
constância desse acompanhamento in loco.
A matemática da assistência e o dever da transparência
Somando as duas atividades do fim de semana, que beneficiaram áreas densamente
povoadas, foram entregues 850 cestas básicas. Considerando o volume e o preço
médio de itens não perecíveis na região, estima-se um investimento de, no
mínimo, R$ 100 mil.
Não se discute a necessidade
A ação de assistência social é justa e urgente, visto que as famílias
ribeirinhas sofrem com a instabilidade das cheias e das secas severas. A
insegurança alimentar é real e precisa ser combatida. Porém, é dever do Poder
Público ser cristalino quanto à origem dos recursos.
Ocultação institucional: esquecimento ou estratégia?
A população tem o direito de saber: esses alimentos foram adquiridos com
recursos próprios do município, do governo estadual ou do governo federal?
Embora em algumas fotografias da ação no Juruá Mirim tenha sido possível
vislumbrar, de forma tímida, “aqui tem trabalho do Governo Federal”, na
absoluta maioria das imagens institucionais é impossível detectar a fonte
pagadora.
Não é a primeira vez que aponto essa falha. Parece haver uma regra não dita de
que dar crédito ao Governo Federal (gestão Lula) é evitado nessas comunidades,
mesmo quando a verba ou o produto advêm da União.
Não afirmarei categoricamente que todas as 850 cestas são federais, pois seria
leviandade sem os documentos em mãos. Mas, quando o princípio constitucional da
publicidade é ofuscado e a marca do financiador é escondida, o juízo de valor e
a desconfiança tendem, inevitavelmente, a surgir.
A política do silêncio:
Por que a equipe ou grupo de Lula no Acre esconde o presidente?
Propaganda é a alma do negócio (ou deveria ser)
Dizem que a propaganda é a alma do negócio, mas a maioria absoluta dos
“agentes” do Governo Federal no Acre parece ter adotado o silêncio como
estratégia. Paira no ar a sensação de que é proibido divulgar as ações
positivas da gestão Lula no estado. O que se vê é uma fragilidade gritante na
articulação e na comunicação da equipe ou grupo.
A vergonha de dizer o nome
Salvo raras e corajosas exceções, a maioria dos membros do governo federal no
estado atua com uma timidez inexplicável. Preferem se esconder atrás da
burocracia, citando apenas o "nome da instituição" ou "o
ministério", evitando a todo custo pronunciar o nome de quem os colocou
lá: o presidente Lula. É uma atuação técnica que flerta com a omissão política.
Opositor no palanque, crédito na conta alheia
O resultado dessa inércia é desastroso. Quando há alguma ação do governo
federal com a presença de prefeitos de oposição, o cenário é tragicômico: o
gestor municipal, que muitas vezes é crítico ferrenho do PT, sobe no palanque,
apropria-se da obra e capitaliza politicamente em cima dos recursos da União.
É erro crasso
Enquanto a maioria da equipe de Lula se cala ou fala baixo pelas bandas do
Acre, a oposição cresce, "surfa" na onda da BR-364 intrafegável, mas
quando algum investimento com recurso federal gera ponto positivo, a população
fica sem saber quem realmente enviou o benefício. No jogo do poder, deixar o
adversário fazer festa com o seu dinheiro não é apenas ingenuidade; é erro
crasso.
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