Quem não sabe separar o certo do 'acerto', acaba sempre errando o alvo.
Rapidinhas com UrtigaDoJuruá
Neto Gontran Urtiga do Juruá
Vereador acusa coordenador do DSEI
O vereador Tiago da Milênio (UNIÃO) usou a tribuna
da Câmara de Cruzeiro do Sul, nesta terça-feira (2), para fazer graves
acusações contra a cúpula da saúde indígena local. Os alvos foram o Coordenador
Distrital de Saúde Indígena do Alto Rio Juruá, Isaac Piyãko; a Coordenadora
Distrital da Agência Brasileira de Apoio à Gestão Indígena (AgSUS), Irení
Uchôa; e o conselheiro distrital, Auricélio Kaxinawá.
Vagas direcionadas
Em seu discurso, o parlamentar classificou a
situação do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Alto Juruá como um
caso de “puliça” (sic). Tiago acusou a equipe de ser conivente com práticas
discriminatórias e clientelismo político por parte do coordenador. Segundo a
denúncia, o processo seletivo simplificado para preenchimento de vagas estaria
sendo direcionado de forma arbitrária.
Nenhum candidato atendeu aos requisitos
O vereador declarou que uma candidata pós-graduada
que, segundo ele, teve seus direitos desrespeitados teria obtido alta pontuação
(14,8 de 20 pontos) e sido inicialmente admitida. Contudo, o parlamentar afirma
que, duas horas após o coordenador tomar ciência do resultado, uma nova lista
foi emitida declarando que "nenhum candidato atendeu aos requisitos".
A candidata foi orientada a buscar a Justiça.
O Contraditório
O Coordenador do DSEI, Isaac Piyãko, classificou
as acusações como infundadas e afirmou que não procedem. Segundo ele, todos os
trâmites do processo seletivo simplificado foram respeitados rigorosamente.
Piyãko declarou ainda que não participa da definição de quem é contratado ou
demitido, rebatendo a acusação de que "só trabalha no DSEI quem apoia seu
projeto político".
Acusações inconsequentes
Para Piyãko, o vereador utilizou a instituição
Câmara Municipal para fazer imputações inconsequentes e legislar em causa
própria. O coordenador revelou que a candidata defendida pelo parlamentar,
apontada como pós-graduada, é, na verdade, irmã do vereador, e não foi aprovada
por não superar as etapas do certame. Isaac repudiou a tese de apadrinhamento e
afirmou que tomará as providências judiciais cabíveis.
Com a palavra, a AgSUS
Procurada pelo Blog, a coordenadora da AgSUS,
Irení Uchôa, explicou que a agência recruta e contrata a força de trabalho para
o DSEI Alto Juruá seguindo um processo legal estrito, sem espaço para vontades
pessoais. Irení reforçou que as regras existem para serem cumpridas e que as
denúncias não possuem qualquer fundamento.
Como funciona a seleção
A coordenadora detalhou que o processo seletivo
ocorre em duas etapas: análise curricular e entrevista. Ela informou ainda que
a comissão de avaliação é plural, formada por dois membros do DSEI
(funcionários de carreira), dois membros do Conselho de Saúde (CONDISI) e dois
representantes da AgSUS.
O contraditório garantido
Como manda o bom jornalismo, o Blog publicou a
denúncia do vereador Tiago da Milênio e o contraponto do coordenador do DSEI,
Isaac Piyãko, e da coordenadora da AgSUS, Irení Uchôa. Ressalto que tentei
contato com o conselheiro Auricélio Kaxinawá, mas não obtive retorno. O espaço
segue à disposição. Dito isso, vamos ao que realmente interessa, porque essa
história tem mais ferrão do que parece.
Cegueira seletiva?
Há muito mais vespa nessa colmeia do que o
vereador quer nos fazer crer. Enquanto o parlamentar gasta energia e tribuna
apontando o dedo para a gestão da saúde indígena (que é esfera federal), parece
sofrer de uma conveniente miopia quanto aos problemas que estão debaixo do seu
nariz, na gestão municipal.
Mude a rota
Se conselho fosse bom, a gente vendia, mas aqui
vai um de graça para o nobre edil: ajuste a bússola do seu mandato. A população
o elegeu para fiscalizar os problemas da cidade, não para travar guerras
políticas em outros territórios. Quanto às denúncias do DSEI? A Justiça Federal
e o Ministério Público estão aí para isso.
Nessa balança política, o vereador usa
chumbo para pesar o DSEI, mas usa plumas para pesar a Prefeitura.
O povo quer saber é quem vai tapar o buraco da rua
e pagar o servidor temporário em dia. Ah! Tem reclamação de algumas pessoas que
não foram aprovadas no processo seletivo realizado em Cruzeiro do Sul, eles
também reclamaram e acharam injustos, pois muito tempo de serviço deles foram
suprimidos.
Cada um no seu quadrado
Cruzeiro do Sul pede socorro. Com o município
mergulhado em problemas, a população precisa de vereadores que fiscalizem o
executivo, e não de gente brincando de Congresso Nacional. A Câmara Municipal
não pode ser palco para disputas que competem a outras esferas. Deputados
estaduais, federais e senadores são pagos para resolver as questões da União e
do Estado. Aos vereadores, fica o recado: cuidem do nosso quintal, que já está
bastante bagunçado.

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