ABDI e Cooperacre investem R$ 14,7 milhões na construção de dois complexos industriais de café no Acre
Convênio assinado
nesta terça-feira (9/11) viabiliza indústrias de beneficiamento em Capixaba e
Acrelândia
A estratégia de
industrialização do café no Acre ganhou um novo capítulo nesta terça-feira
(9/11). A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a
Cooperacre assinaram um convênio de R$ 14,7 milhões para a construção de dois
novos complexos de beneficiamento de café no estado. O ato, realizado na sede
da cooperativa em Rio Branco, consolida a expansão do modelo industrial que já
é sucesso no Vale do Juruá para a região do Baixo Acre.
Do valor total, R$
13,1 milhões são recursos da ABDI e R$ 1,6 milhão é a contrapartida da
Cooperacre. O investimento será destinado à edificação dos complexos e à compra
de equipamentos como secadores, descascadores, mesas densimétricas e
classificadores para duas cooperativas filiadas à rede: a COPASFE, em Capixaba,
e a COOPBONAL, em Acrelândia.
O projeto foi
dimensionado para atender a uma demanda reprimida e agregar valor à produção de
cerca de 400 famílias de agricultores familiares.
A capacidade instalada
das novas indústrias terá um impacto direto na economia local já no primeiro
ano de funcionamento: em Capixaba, a estrutura atenderá cerca de 130 famílias
que cultivam 260 hectares, com estimativa de processar 20.800 sacas de café por
ano. Em Acrelândia, o complexo receberá a produção de 160 famílias, com 320
hectares cultivados e previsão de 25.600 sacas anuais.
Somadas, as unidades processarão mais de 46.400 sacas/ano, cobrindo uma área produtiva de 580 hectares.
Atualmente, os
produtores locais enfrentam gargalos logísticos e precisam vender o café
"em coco" (sem beneficiamento) ou percorrer longas distâncias para
processá-lo, o que reduz sua rentabilidade. Com os Complexos Industriais, o
lucro do beneficiamento permanecerá com o produtor.
NIB na
Amazônia
Para a diretora de
Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, o convênio
reafirma o compromisso da Agência em levar a Nova Indústria Brasil (NIB) para
dentro da Amazônia.
"O que fizemos
no Vale do Juruá provou uma verdade simples: quando a tecnologia e a
industrialização chegam na ponta, a vida das famílias muda. O café vira renda,
vira emprego, vira dignidade. Agora, estamos levando esse mesmo modelo de
sucesso para o Baixo Acre. Capixaba e Acrelândia vão viver a mesma virada, com
mais valor agregado, mais autonomia e mais riqueza, melhorando a vida de nossa
gente”.
O presidente da
Cooperacre, José de Araújo, destacou a importância da parceria para fortalecer
o cooperativismo e a autonomia dos produtores.
“É um momento de
muita alegria para nós, principalmente para as duas cooperativas singulares,
COPASFE e COOPBONAL. Estamos assinando mais uma parceria pela qual serão
beneficiados diretamente os produtores dessas cooperativas, totalizando mais de
400 famílias. Para chegar neste convênio, houve esforço de muitas pessoas, e
fica nosso agradecimento.”
O presidente da
Coopercafé e membro da diretoria do Sistema OCB/AC, Jonas Lima, celebrou o
momento como um marco para a agricultura familiar do estado e para o
cooperativismo.
“Para que este
recurso chegue na ponta, nós precisamos nos organizar como sociedade. Acredite,
a saída para a sociedade é o cooperativismo. Ele não é um movimento partidário,
ele é um movimento que faz a mudança na vida das pessoas no Acre, no Juruá e no
Brasil. É por isso que é fundamental: quando o presidente da sua cooperativa
chamar para uma reunião, vá lá, dê o apoio. Nós precisamos estar organizados
para que quem está nos cargos públicos possa ver e investir em uma entidade
estruturada.”
O governador em
exercício e presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Nicolau Júnior,
ressaltou os investimentos do Governo Federal no Acre.
“Essa aproximação
aqui nessas cadeiras, isso mostra a união: a união do estado junto com o
Governo Federal. Temos que agradecer ao Presidente Lula pelos investimentos no
Acre, que vão mudar a realidade da agricultura familiar em Capixaba e
Acrelândia, como já mudou no Juruá.”
Sustentabilidade:
Café que Preserva a Floresta
Além do viés
econômico, os novos Complexos Industriais nascem alinhados às exigências
globais de sustentabilidade. O foco é o Café Robusta Amazônico, uma cultura
perene que, quando bem manejada, recupera áreas degradadas e evita novas
derrubadas.
"Quando a ABDI
chega com um projeto desse, junto com a Cooperacre, para nos fortalecer, isso
para a gente é um sonho; não temos nem palavras para agradecer. Este projeto
vai beneficiar mais de 300 produtores em Capixaba. Hoje, o lucro deles fica
todo no frete, mas agora, com o café secadinho, peladinho e bonitinho, o valor
será bem mais agregado e valorizado. É uma gratidão imensa!", disse a
presidente da COPASFE, Nilva Dantas.
Estudos recentes da
Embrapa Rondônia, citados no plano técnico do projeto, revelam que o Café
Robusta Amazônico possui um balanço de carbono positivo: sequestra, em média,
2,3 vezes mais CO2 do que emite para ser produzido. Isso significa retirar da
atmosfera cerca de 4 toneladas de carbono por hectare ao ano, provando que é
possível aliar alta produtividade industrial com a conservação da floresta em
pé.
O prazo de execução para a entrega das obras e instalação dos equipamentos é de 24 meses
