Bastidores das eleições de 2024
Rapidinhas com UrtigaDoJuruá
Novembro 08, 2025-11-08
Neto Gontran
Jornalista
Petecão expõe bastidores das eleições 2024
A recente participação do senador Sérgio Petecão (PSD) no Podcast Folha do
Juruá, em Cruzeiro do Sul, foi uma entrevista e um desabafo de como o jogo é
jogado. Entre muitos assuntos, um em especial abriu e expôs as fraturas da
eleição municipal: o rompimento do PSD com o prefeito Zequinha Lima.
Uma figura política que jogou bem
Petecão fez questão de lavar as mãos, afirmando que a decisão do partido de não
apoiar Zequinha Lima não partiu dele. O senador apontou o dedo para uma
"figura política" específica que, segundo ele, "semeava
discórdia" dentro do partido. Apesar de não ser um craque, jogou bem, pois
saiu vencedor.
O pivô da discórdia
O senador foi fundo na acusação, revelando a suposta hipocrisia desse
personagem. Petecão relatou que o indivíduo teria dito: "se esse vagabundo
desse comunista entrar aí (comitê), eu não entro".
E a ironia
A grande ironia, destacada pelo senador, é que este mesmo cidadão, autor da
frase de forte cunho ideológico, hoje "faz parte da equipe do prefeito
reeleito". Pior: "Foi o primeiro a pular para o lado do
Zequinha", disparou.
O "jogo pesado" de Zequinha
Apesar de chamar Zequinha Lima de "amigo" pessoal, Petecão não poupou
o prefeito. Ele afirmou que Zequinha "jogou pesado" e deixou
"mágoa" na disputa de 2024. O motivo teria sido a falta de apoio aos
pré-candidatos ao parlamento mirim do PSD, atitude que, na visão do senador,
"emburrou de vez o PSD para o colo da Jéssica Sales".
Modus operandi do poder
Embora Petecão não tenha dado nome aos bois, a pergunta que ecoa nos bastidores
não é tanto "quem é" o personagem, pois as raposas políticas locais
já decifraram a charada. A verdadeira questão é o que essa movimentação revela
sobre o modus operandi do poder.
A cura milagrosa da "garantia"
A fala do senador expõe um teatro onde o discurso ideológico (como o xingamento
de "comunista vagabundo") é meramente uma ferramenta de negociação, e
não uma convicção. A "ferida aberta" entre o tal personagem e a gestão,
pelo visto, era superficial e foi rapidamente curada. Resta saber qual foi a
"garantia" oferecida, pois fica claro que, no pragmatismo político
local, não há incoerência que um bom cargo não cure.
Trânsito municipalizado: O fracasso que mata em Cruzeiro do Sul
Os acidentes e mortes no trânsito de Cruzeiro do Sul deixaram de ser incidentes
isolados para se tornarem uma estatística horripilante e constante. É muito
conveniente para o poder público culpar exclusivamente a
"imprudência" dos motoristas e pedestres.
A falha administrativa
Contudo, essa é uma meia-verdade que serve apenas para mascarar a falha
administrativa. A gritante deficiência de políticas públicas urgentes para o
setor torna o Executivo municipal corresponsável direto por cada tragédia.
A farsa da municipalização
A pergunta que não cala é: após a tão alardeada municipalização do trânsito,
qual foi a melhora real para a população? Basta circular pela cidade para
constatar o caos. A realidade é um inventário de perigos: buracos que servem
como armadilhas, sinalização precária ou inexistente, ruas estreitas forçadas a
operar em mão dupla, caminhões pesados descarregando atrapalhando o trânsito e
carretas circulando livremente em horários de pico, mato alto obstruindo a
visão em cruzamentos.
Direto da omissão
Tudo isso não é fatalidade; é o resultado direto da omissão. São componentes
que transformam o ato de dirigir ou caminhar em uma roleta-russa diária.
Devolvam ou resolvam
A Prefeitura é eficiente em arrecadar com multas, mas falha miseravelmente em
reverter esse dinheiro em segurança. Se a gestão atual não tem a competência
mínima para administrar o trânsito, que admita o fracasso e devolva a
responsabilidade para o Estado. O que não pode continuar é essa política de
inércia. Pois, dinheiro tem!

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