A superficialidade política do senador Jorge Seif: um retrato do oportunismo
A recente fala do senador Jorge Seif (PL-SC) no plenário do Senado, ao
se referir de forma depreciativa à deputada estadual Ana Campagnolo como “uma
professora que não era nada até ontem”, ultrapassou os limites da crítica
política e escancarou um desprezo preocupante pela educação e por seus
profissionais. Ao usar a profissão de professora como sinônimo de irrelevância,
Seif não apenas atacou uma colega de partido, mas desrespeitou uma categoria
inteira que sustenta os pilares da sociedade.
A reação nas redes sociais foi imediata e contundente. Professores,
educadores e cidadãos indignados denunciaram o tom preconceituoso da fala, que
reforça uma visão elitista e retrógrada sobre o papel da educação. A tentativa
de desqualificar uma parlamentar por sua origem profissional revela mais sobre
a pobreza de espírito do senador do que sobre a trajetória da deputada.
Mas quem é Jorge Seif para desmerecer alguém por ser professor? Oriundo
do Rio de Janeiro, Seif chegou a Santa Catarina sem qualquer vínculo com o
Estado, sem serviços prestados à população catarinense, e foi alçado ao Senado
exclusivamente pela força da imagem de Jair Bolsonaro. Um típico “candidato
selfie”, que jamais apresentou luz própria, propostas concretas ou compromisso
real com os interesses locais. Sua eleição foi fruto de um marketing político
oportunista, não de mérito ou representatividade.
Desde que assumiu o cargo, Jorge Seif não teve aprovada nenhuma proposta
relevante para Santa Catarina. Sua atuação parlamentar é marcada pela ausência
de projetos significativos e pela dependência constante da imagem de Bolsonaro.
Ao lado do governador Jorginho Mello, tem contribuído para apequenar o Estado,
como se aqui não houvesse lideranças competentes e comprometidas com o bem
público.
A situação se agrava com a tentativa de transformar Santa Catarina em um
reduto de bolsonaristas forasteiros. Após a eleição de Jair Renan, filho de
Bolsonaro, como vereador em Balneário Camboriú — um jovem sem vínculo com a
cidade, sem preparo e com domínio precário da língua portuguesa —, agora Seif e
Jorginho articulam a candidatura ao Senado de Carlos Bolsonaro, outro carioca sem
raízes no Estado. Essa estratégia revela um projeto político que despreza a
identidade catarinense e aposta na importação de figuras públicas que usam o
sobrenome Bolsonaro como capital eleitoral.
A fala de Seif sobre Campagnolo é apenas mais um sintoma de sua postura
arrogante e descolada da realidade. Ao atacar uma professora, ele expõe sua
ignorância sobre o valor da educação e sua incapacidade de reconhecer o mérito
de quem constrói sua trajetória com trabalho e dedicação. Em vez de desmerecer
educadores, o senador deveria se envergonhar por nada fazer pela categoria —
que, aliás, deveria receber salários superiores aos de parlamentares relapsos
como ele.
Jorge Seif representa o que há de mais superficial e oportunista na
política brasileira: um personagem que, sem competência para se destacar na
vida privada, encontrou na política um palco para encenar sua vaidade. Sua
presença no Senado é um desserviço à democracia e uma afronta à inteligência
dos catarinenses.
Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
