CPMI: ex-presidente do INSS não acatou recomendações da CGU sobre descontos ilegais, diz depoente
Crédito: Geraldo Magela/Agência Senado
O
ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, resistiu em seguir recomendações
da Controladoria-Geral da União (CGU) para suspender descontos associativos
automáticos nas aposentadorias. A informação é da diretora de Auditoria de
Previdência da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Viegas Mota, que
depôs à CPMI do INSS nesta quinta-feira, 4.
A CGU se reuniu com o INSS em julho de 2024 para buscar soluções para o crescimento de descontos não autorizados nos pagamentos de segurados do órgão, segundo a auditora. Eliane Viegas afirmou que Stefanutto questionou informações do relatório, baseadas em entrevistas com beneficiários.
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Ele fazia um questionamento a respeito da forma de amostragem e ficou definido
que a CGU estaria à disposição para construir com o INSS outra forma de
amostragem. Ele disse que faria uma análise das informações que nós tínhamos
apresentado e avaliaria a viabilidade de fazer o que estava nos propondo. Não
foram suspensos os acordos de cooperação técnica [ACTs, firmado entre
associações e o INSS, que permitiam os descontos e eram uma das medidas
recomendadas]. Os descontos foram realizados até o mês de abril de 2025 e
suspensos após a Operação Sem Desconto [da Polícia Federal] — disse.
Em
resposta ao relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Eliane Viegas
afirmou que a CGU fez “inúmeras comunicações” ao INSS, mas que o órgão se
omitiu em algumas situações de necessidade. Gaspar foi um dos responsáveis pela
convocação da auditora.
Em
2025, a CGU e a Polícia Federal fizeram a Operação Sem Desconto contra
associações acusadas de falsificar autorizações de idosos. Os documentos eram
usados para que o INSS descontasse automaticamente, das aposentadorias e
pensões, uma mensalidade associativa. Os valores desviados iam para as
associações sob justificativa de oferecer serviços diversos aos associados, o
que não acontecia. Stefanutto foi afastado da Presidência do INSS e depois
demitido após a operação.
Descontos crescentes
A
depoente trouxe dados que demonstram que os descontos passaram de R$ 387
milhões em 2015 para R$ 3,4 bilhões em 2024. No entanto, um aumento mais
acentuado foi observado a partir de 2021, passando de R$ 564 milhões para R$
784 em 2022 e, então, para R$ 1,64 bilhão em 2023, dobrando o total no ano
seguinte.
Fonte:
Agência Senado