Lula confessa medo de ser "humilhado" por Trump

Uma publicação feita na noite de quarta-feira (6), por volta das 22h22 (horário de Brasília), nas redes sociais, reacendeu as tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Jason Miller, um dos principais conselheiros do ex-presidente norte-americano Donald Trump, utilizou seu perfil na rede social X (antigo Twitter) para ironizar e insultar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na postagem, Miller chamou Lula de “Biden dos Trópicos” – uma alusão ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, frequentemente acusado por críticos de apresentar sinais de senilidade. O assessor de Trump foi além: comparou o cérebro de Lula a uma “banana amassada”, em uma tentativa de ridicularizar o chefe de Estado brasileiro.

A provocação ocorreu após uma entrevista concedida por Lula à agência de notícias Reuters, considerada constrangedora por setores da imprensa internacional. Nela, Lula afirmou ter "medo de ser humilhado" em uma eventual conversa com Trump. A declaração veio dias depois de o ex-presidente americano afirmar que “atenderia com prazer” uma ligação de Lula, sugerindo abertura para diálogo.

Apesar disso, o temor de Lula, segundo analistas, pode estar relacionado a um histórico recente de atritos. Durante mandatos anteriores, Lula chegou a associar Trump a ideias nazistas e manifestou apoio à candidatura de Kamala Harris, então rival de Trump, atitudes que foram vistas como interferência indevida nas eleições norte-americanas.

Além disso, as posições de Lula em relação à guerra na Ucrânia e ao comércio com a Rússia têm incomodado os Estados Unidos. Desde o início de seu terceiro mandato, o Brasil aumentou as importações de óleo diesel russo em 6.000%, contrariando o embargo internacional imposto contra Moscou após a invasão da Ucrânia. Apenas em 2024, o país importou quase R$ 3 bilhões em diesel russo.

Os dados chamam atenção pela mudança na dependência brasileira: em 2022, 57% do diesel importado pelo Brasil vinha dos Estados Unidos. Em 2024, esse número caiu para apenas 17%.

Jason Miller, considerado um especialista em América Latina dentro do círculo trumpista, acompanha de perto a política brasileira e tem influenciado estratégias de pressão do ex-presidente norte-americano em relação ao Brasil.

A reação de Lula às declarações de Miller ainda não foi divulgada oficialmente. No entanto, a tensão ilustra o delicado momento nas relações diplomáticas entre os dois países, especialmente com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, onde Trump aparece como favorito nas primárias republicanas.