Em
pronunciamento firme na tribuna da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira
(12), o deputado federal Zezinho Barbary (PP-AC) fez um apelo contundente pela
reabertura do ramal que liga Porto Walter a Cruzeiro do Sul, no Acre. Segundo o
parlamentar, a interdição da via representa mais do que uma medida legal —
trata-se de uma grave violação ao direito de ir e vir de comunidades inteiras
do interior do estado, classificando o bloqueio do ramal como uma medida
"fria, arbitrária e desumana", que ignora a realidade de quem vive na
floresta.
"
Foi construída uma cerca no local. Isso é uma absurdo. Separar brasileiros de
brasileiros é ultrapassar qualquer limite de razoabilidade. É afrontar a
dignidade humana", declarou Barbary, referindo-se à instalação de
barreiras físicas no trajeto da estrada, que passa por áreas próximas à Terra
Indígena Jaminawa do Igarapé Preto.
Barbary
também questionou a legitimidade do argumento ambiental que embasou a decisão
judicial de fechar a estrada, ressaltando que a maior parte dos indígenas da
região apoiam a existência do ramal. "Os que vivem dentro das aldeias
participaram ativamente da sua abertura, conscientes da importância dessa
conexão para todos", afirmou.
Barbary
destacou o alto custo de vida em regiões isoladas, onde o litro da gasolina
ultrapassa R$ 13 e o quilo do frango chega a R$ 25, e reforçou que o ramal
representa "produção, socorro, abastecimento, esperança e dignidade"
para milhares de famílias.
Ao
final do discurso, fez um apelo direto ao Governo Federal, Judiciário,
Ministério Público, Funai, Ibama, ICMBio e à sociedade brasileira:
"Não
se constrói justiça com muros. Não se combate exclusão com cercas. Não se
governa um povo com arbitrariedade."
Para
Zezinho Barbary, a reabertura da estrada não é apenas uma necessidade
logística, mas um ato de justiça social e respeito à vida na Amazônia profunda.
O
deputado ainda denunciou o que chamou de "abandono
institucionalizado" das populações ribeirinhas e isoladas do Acre,
destacando que outras cidades como Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Santa
Rosa do Purus e Jordão enfrentam exclusão histórica por falta de acesso
terrestre.
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