O tufão que virou brisa


 

Por Júlio César Cardoso

Parlapatão, fanfarrão, são adjetivos apropriados para indivíduos poltrões, acovardados. Pois bem, um dia depois de sete de setembro, o país testemunhou o tufão que virou brisa perder musculatura.

 

Bolsonaro não aguentou um dia sequer de fúria para logo se render às suas bravatas, ameaças. E, diante de iminente pedido de impeachment, humilhou-se ao se socorrer do ex-presidente Michel Temer para que o mesmo redigisse carta aberta a nação de mea-culpa, decepcionando, assim, a sua claque ensandecida, que não gostou e já reagiu chamando Bolsonaro de traidor. 

 

Como sempre Bolsonaro só pensa depois que fala. Esqueceu-se ele de que não tinha munição para o dia seguinte. Agora, com medo do STF, TSE e Congresso Nacional, recua decepcionando muitos de seus inveterados seguidores.

 

O tufão Bolsonaro virou brisa, ou, apenas um vira-lata guapeca, que late, late, mas não morde ninguém?

 

Indubitavelmente, o tufão que virou brisa e pediu arrego através de Michel Temer é um fanfarrão irremediável. Não tem jeito. É de seu caráter deformado a forma pela qual agride a todos. Se as coisas não funcionam à sua maneira, a seu talante, mesmo consciente do desrespeito às regras democráticas e constitucionais, o dito cujo fica furioso, endemoniado. E a trégua entre os poderes, esboçada em carta, não será cumprida, pois, como sói acontecer, logo, logo Bolsonaro voltará aos ataques costumeiros e é só questão de tempo.

 

 Algumas manifestações de repúdio aos ataques de Bolsonaro:

- O presidente do STF, ministro Luiz Fux, disse que “os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) constituem práticas antidemocráticas e ilícitas. O desrespeito a decisões do STF são crime de responsabilidade e tais atitudes devem ser analisadas pelo Congresso. Ninguém fechará esta Corte. Nós a manteremos de pé, com suor e perseverança. Ofender a honra dos ministros, incitar a população a propagar discurso de ódio contra a instituição do Supremo Tribunal Federal e incentivar o descumprimento de decisões judiciais são práticas antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis em respeito ao juramento constitucional que todos nós fizemos ao assumirmos uma cadeira nesta Corte. Estejamos atentos a esses falsos profetas. Todos sabem que quem propaga o discurso do ‘nós contra eles’ não propaga a democracia, mas o discurso do caos. Povo brasileiro, não caia nas narrativas falsas e messiânicas. O verdadeiro patriota não fecha os olhos para os problemas reais do país”.

 

- O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, disse que “democracia não é lugar para quem pretende destruí-la. As eleições brasileiras são totalmente limpas, democráticas e auditáveis. O presidente da República repetiu, incessantemente, que teria havido fraude na eleição na qual ele se elegeu. Disse eu então, à época, que ele tinha o dever moral de apresentar as provas. Não apresentou. Foi o Congresso Nacional e não o TSE que recusou o voto impresso. É uma covardia atacar a Justiça Eleitoral por falta de coragem de atacar o Congresso Nacional, que é quem decide a matéria. Após uma live que deverá figurar em qualquer futura antologia de eventos bizarros, foi intimado pelo TSE para cumprir o dever jurídico de apresentar as provas, se as tivesse. Não apresentou. É tudo retórica vazia. Hoje em dia, salvo os fanáticos (que são cegos pelo radicalismo) e os mercenários (que são cegos pela monetização da mentira), todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”.

 

Em grupos de apoio ao presidente no aplicativo Telegram, os bolsonaristas se dividiram entre a revolta, a incredulidade e a decepção com a reação do presidente.

"Traidor", disse uma integrante de um grupo com mais de 11 mil participantes.

"Eu vim para Brasília apoiar o presidente e ele faz isso", comentou outro membro.

Em outro grupo, com 2 mil pessoas, um apoiador disse: "O presidente se rendeu, se acovardou. Eu esperava muito mais".

"Também não acreditei!!! Será alguma estratégia?!?", respondeu outra participante.

"Será que o presidente vai renunciar à reeleição? Será que o sistema fez com Bolsonaro o mesmo que fez com Trump?", questionou uma terceira.

Em outro grupo, com 36 mil inscritos, um membro interpretou assim o comunicado: "Nosso capitão recuou".

"Infelizmente", respondeu outro.

"Alguém confirma", questionou um integrante, que ouviu em resposta: "Sim, é verdade. O presidente nos abandonou."

"Ele disse que não ia respeitar o STF e agora tá se desculpando por nota", comentou um apoiador.

Outra participante disse que a atitude de Bolsonaro foi uma "falta de respeito com o povo que ele pediu para ir às ruas".

"Não vivia falando que tá com o povo aonde o povo estiver e agora??? Somos chacota da esquerda."

"Que decepção", escreveu um terceiro, "mas acredito que isso tenha sido só para pacificar as coisas apenas uma estratégia a mando de alguém;"

"Decepção total, o sistema venceu o nosso presidente", afirmou mais um.

"Enquanto a economia desacelera, a inflação sobe e uma potencial crise energética assusta a população brasileira, Bolsonaro opta por não governar e se dedicar a uma campanha eleitoral antecipada", afirma a reportagem de periódico argentino.

Júlio César Cardoso

Servidor federal aposentado

Balneário Camboriú-SC

 

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