Adiado projeto que endurece penas para líderes de organizações criminosas
Márcio Bittar vê novas regras como fundamentais para conter facções; projeto volta à pauta em duas semanas
Crédito: Saulo
Cruz/Agência Senado
O projeto que torna mais rígidas as regras para
cumprimento de penas por líderes de organizações criminosas armadas deve voltar à pauta da Comissão de Segurança
Pública (CSP) daqui a duas semanas. A decisão veio após o senador Rogério
Carvalho (PT-SE) pedir mais tempo para discutir alguns ajustes com o relator da
matéria, senador Marcio Bittar (PL-AC). A matéria estava na pauta da
comissão desta terça-feira (30).
Rogério Carvalho disse que é favorável ao projeto e
que o diálogo seria "mais uma questão de procedimento do que de
mérito". Ele também retirou um requerimento que sugeria audiência pública
sobre o tema para que a votação não fosse adiada.
O projeto foi apresentado pela senadora
Margareth Buzetti (PSD-MT) e recebeu parecer favorável na forma de um
substitutivo do senador Marcio Bittar. Caso seja aprovado, seguirá para análise
da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde terá votação terminativa.
O projeto altera a Lei das Organizações Criminosas,
determinando que os líderes dessas organizações ficarão presos em regime
integralmente fechado, independentemente do tamanho da pena. Além disso,
estabelece pena de oito a vinte anos de prisão, e multa, para esses líderes.
Hoje, a lei determina pena de três a oito anos de prisão para quem promover,
constituir, financiar ou integrar organização criminosa, mas não determina uma
pena para o caso específico de organizações que têm armas.
No entendimento do relator, a medida pode
contribuir com as medidas de enfrentamento às facções criminosas.
"O Brasil inteiro percebe que, mesmo presos, os
líderes de facção criminosa continuam a atuar dentro dos presídios. Então o
endurecimento das penas é fundamental, como também é fundamental aumentarmos o
tempo daqueles menores de idade, porque as facções criminosas acabam se
utilizando dessa mão de obra exatamente por entrarem e sairem mais rapidamente
do sistema socioeducativos".
Margareth Buzetti defendeu a aprovação imediata
como forma de tentar combater a sensação de impunidade e o cometimento de novos
crimes por parte desses criminosos.
"Nós não
podemos mais comungar com o que está acontecendo no país. O chefe do Comando
Vermelho de Mato Grosso foi preso tomando whisky em Niterói. Ele estava com o
pé na areia, porque numa progressão de pena ele saiu do regime".
O caso
levantado pela senadora é do líder da facção criminosa do Comando Vermelho no
Mato Grosso, Ederson Xavier de Lima, vulgo Boré, de 43 anos, que foi preso pela
Polícia Civil do Rio de Janeiro, no último domingo (28) enquanto estava numa praia
no município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Fonte:
Agência Senado