Senadores aliados do governo querem deixar a CPMI do INSS: “PT que trabalhe para se defender”
A avaliação é de que o desgaste político de defender o governo deve recair sobre o PT, que não conseguiu impedir a oposição de eleger o presidente.
Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM) articulam deixar a CPMI do INSS com menos de uma semana de funcionamento.
A avaliação é de que o desgaste político de defender o governo deve recair sobre o PT, que não conseguiu impedir a oposição de eleger o presidente e o relator da comissão. “O Partido dos Trabalhadores vai ter que trabalhar”, ironizou um dos parlamentares.
O PT tem como titulares na comissão os senadores Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES). Caso se concretize, a saída dos três nomes será simbólica e negativa para o governo, já que são figuras de peso no Senado.
Com o ano pré-eleitoral, poucos parlamentares querem se expor em defesa do governo diante de acusações de desvio de recursos de aposentados, além de perder tempo político em oitivas e reuniões semanais em Brasília.
O líder do PSD, Omar Aziz, convocou reunião do partido para discutir o tema. Renan já avisou ao líder do MDB, Eduardo Braga (AM), que não tem perfil para CPI e que só participou da CPI da Covid por se tratar de uma pandemia. Otto, por sua vez, ressentido por não ter recebido apoio do governo para presidir a comissão, deve “retribuir” com sua ausência.
Paralelamente, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) é acusado de receber comissões irregulares toda vez que um benefício do INSS era descontado. Segundo documentos obtidos pelo Metrópoles, os valores somam pelo menos R$ 4,1 milhões.
Entre os beneficiados estão:
A esposa do presidente do sindicato, Milton “Cavalo” Baptista de Souza;
O marido da diretora jurídica do sindicato, a advogada Tonia Andrea Inocentini Galleti, amiga do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT).
A Gestora Eficiente LTDA, empresa ligada à família Galleti, processava as fichas de associados e recebia pagamentos do Sindnapi, do Banco BMG e da seguradora Generali. Apenas entre 2020 e 2023, a empresa recebeu ao menos R$ 4,1 milhões.
Em 2022, apenas 747 pessoas se filiaram diretamente no Sindnapi, mas por meio da parceria com o BMG foram registradas 106 mil adesões — o que escancara a dependência dessa intermediação.
Relatórios da CGU mostram que, em junho de 2023, o sindicato ganhou 67.255 novos filiados em um único mês. Nesse mesmo ano, a Generali pagou R$ 1,4 milhão à Gestora Eficiente.
Crescimento explosivo dos ganhos
Em 2020, a Gestora Eficiente recebeu R$ 340,4 mil em comissões.
Em 2022, o valor já era de pelo menos R$ 1,08 milhão.
Enquanto isso, a receita do Sindnapi com descontos de aposentados saltou de R$ 23 milhões em 2020 para R$ 154,7 milhões em 2024, segundo o Portal da Transparência — um crescimento de 563,9%.
Apesar das denúncias, a AGU e o INSS foram cobrados por falta de ação contra o sindicato. Só após a reportagem o órgão afirmou que ajuizou medidas a pedido da CGU e que não descarta novas ações.
*Com informações do Metrópoles
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