Um Marco na História do Brasil
Imagens reproduzidas e editadas
Rapidinhas com UrtigaDoJuruá
Gontran Neto
Jornalista
Um Marco na História do Brasil
O dia 11 de setembro de 2025 ficará marcado para sempre na história do Brasil. Nesta data, um ex-presidente da República, generais, tenente coronel, um almirante, um deputado federal e um servidor público sentaram-se no banco dos réus. Foram julgados e condenados por atentar contra a democracia e planejar o assassinato de autoridades.
Que este veredito sirva como uma lição definitiva: ninguém está acima da lei. Independentemente do cargo que ocupa, da farda que veste ou das estrelas que ostenta, seja político, capitão, general ou delegado da polícia federal.
Após o trânsito em julgado, os anos de prisão em regime fechado para os culpados serão o prêmio para todos os brasileiros que respeitam as regras, as leis e a democracia e sabem ganhar e perder.
STF CONDENA BOLSONARO E ALIADOS POR TENTATIVA DE GOLPE; VEJA AS PENAS
No rescaldo do julgamento histórico de 11 de setembro de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete de seus principais aliados por uma série de crimes contra o Estado Democrático de Direito.
As condenações foram baseadas em cinco acusações principais:
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Golpe de Estado
Organização Criminosa Armada
Dano qualificado
Deterioração de patrimônio público
A SENTENÇA DO CHEFE DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Apontado como o líder do esquema, Jair Bolsonaro recebeu a sentença merecida: 27 anos e 3 meses de reclusão, inicialmente em regime fechado, além de 124 dias-multa no valor de dois salários-mínimos cada. Conforme sugerido pelo STF, ele também será julgado pelo Superior Tribunal Militar (STM) e poderá ter sua patente de capitão cassada.
AS PENAS DOS DEMAIS ENVOLVIDOS
Os outros réus, incluindo generais, um almirante e ex-ministros, também receberam sentenças que envergonham a casta :
General Braga Netto: Ex-ministro e candidato a vice-presidente em 2022.
- Pena: 26 anos de reclusão e 100 dias-multa. Terá abatimento de nove meses pelo tempo que já cumpriu em prisão preventiva. Sua patente será avaliada pelo STM.
Anderson Torres: Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF.
- Pena: 24 anos de reclusão e 100 dias-multa, com a perda do cargo de delegado da Polícia Federal.
Almirante Almir Garnier Santos: Ex-comandante da Marinha.
- Pena: 24 anos de reclusão e 100 dias-multa. Também poderá perder sua patente após o trânsito em julgado.
General Augusto Heleno: Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
- Pena: 21 anos de reclusão e 84 dias-multa. A pena foi atenuada devido à sua idade avançada. A manutenção da patente será analisada.
General Paulo Sérgio Nogueira: Ex-ministro da Defesa.
- Pena: 19 anos de reclusão e 84 dias-multa. Também passará por julgamento no STM sobre a perda da patente.
Alexandre Ramagem: Delegado federal, ex-diretor da ABIN e deputado federal eleito em 2022.
- Pena: 16 anos de reclusão, 50 dias-multa e a perda da função pública e do mandato parlamentar.
O BENEFÍCIO DA COLABORAÇÃO PREMIADA
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teve um destino diferente. Por ter atuado como colaborador (delator) no processo e cumprido seu acordo, recebeu uma punição branda: 2 anos de prisão em regime aberto, sem a perda de sua patente militar.
PRÓXIMOS PASSOS DO PROCESSO
Com as sentenças definidas, o processo segue para as seguintes etapas:
Publicação do Acórdão: O documento com a decisão final deve ser publicado em até 60 dias.
Recursos: As defesas terão prazos curtos para apresentar recursos, como embargos declaratórios (em até 5 dias) e infringentes (em até 15 dias), nesse caso como o resultado foi 4 x 1, talvez não aconteça.
Trânsito em Julgado: Somente após o esgotamento de todos os recursos, a decisão se torna definitiva (trânsito em julgado) e o cumprimento das penas é iniciado.
LOCAL DO CUMPRIMENTO DA PENA
O local de cumprimento das penas será definido pelo ministro relator, podendo variar entre unidades militares (para os oficiais, até decisão do STM), salas da Polícia Federal ou o Complexo Penitenciário da Papuda. Ou, prisão domiciliar doentes.
ALERTA DO MINISTRO: NÃO HAVERÁ PERDÃO
Ao final do julgamento, o ministro relator, Alexandre de Moraes, fez um alerta enfático, afirmando que crimes contra a democracia não são passíveis de perdão judicial, indulto ou anistia. O recado foi um golpe duro nas esperanças daqueles que ainda articulavam meios de reverter as consequências da tentativa de golpe.
O BRASIL NÃO PAROU
Apesar das ameaças de parlamentares, dirigentes do PL, um influente pastor e governadores extremistas de que o Brasil iria parar caso Bolsonaro fosse condenado, a realidade foi outra. A profecia alarmista provou ser mais uma fake news.
O que se viu na noite desta quinta-feira (11), após o veredito, foi o oposto: um verdadeiro carnaval fora de época, com celebrações em todo o país em comemoração ao resultado do julgamento.
NEGAR A TENTATIVA DE GOLPE
Como o choro é livre, os senadores Márcio Bittar (PL) e Alan Rick (União Brasil), o deputado federal Coronel Ulisses (União Brasil) e o prefeito Tião Bocalom (PL) têm todo o direito de vociferar e de fazer uso do famoso jus sperniandi.
Negar a gravidade da tentativa de golpe, no entanto, representa não apenas um desafio à ordem jurídica, mas um ataque à memória coletiva da sociedade brasileira.
JUSTIÇA FEITA. PONTO FINAL.
O julgamento e a resposta popular foram a prova definitiva: apesar de todas as ameaças e narrativas distorcidas, as instituições permaneceram firmes. Resiliente, o país seguiu adiante. O resultado deste processo, portanto, transcende a esfera judicial. É um símbolo de maturidade institucional e um atestado do compromisso inegociável da nação com a democracia.
GPS DA CULPABILIDADE RECALCULANDO A ROTA
Atenção, o Waze da Culpabilidade, gerenciado pelo vereador Carlos Bolsonaro, acaba de recalcular a rota!
Após anos indicando o mesmo trajeto engarrafado que passava pelas ruas Alexandre de Moraes, Lula, PT, a imprensa e os Correios, o sistema encontrou um atalho surpreendente, Mauro Cid, que estava o tempo todo ali do lado! Aparentemente, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil podem respirar aliviados. Por enquanto.