Vendedor de espetinho é morto após pagar menos do que a facção exigiu para manter negócio aberto

A facção criminosa Comando Vermelho aumentou de R$ 400 para R$ 1 mil a cobrança mensal que exigia do comerciante cearense Alexandre Roger Lopes, de 23 anos, para permitir que ele mantivesse aberto seu espetinho em Itapajé, no interior do Ceará. Dois dias após ter enviado apenas os R$ 400, recusando-se a pagar o reajuste imposto pelos criminosos, Alexandre foi assassinado. A informação consta no inquérito policial obtido pelo g1.

Além de dono do espetinho, Alexandre trabalhava como motorista particular, fazendo o transporte de passageiros e encomendas entre Itapajé e Fortaleza, a cerca de 125 km. O jovem havia inaugurado o negócio neste ano, em uma calçada no bairro Santa Rita.

Na noite de domingo, 17 de agosto, por volta das 22h, Alexandre foi surpreendido enquanto atendia clientes. Um homem chegou ao local dizendo ter uma ligação para ele. No momento em que a vítima pegou o celular e se virou para atender, foi baleada.

O comerciante foi atingido por dois disparos e socorrido inicialmente ao hospital municipal da cidade, sendo depois transferido para o Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu na terça-feira, dia 19.

De acordo com a investigação, Alexandre vinha sendo extorquido pela facção e obrigado a pagar mensalmente para manter o negócio em funcionamento. No dia 15 de agosto, ele enviou apenas o valor antigo, de R$ 400, sem atender ao aumento para R$ 1 mil. Dois dias depois, foi executado. A Polícia aponta como principal hipótese do crime justamente a recusa em pagar o valor exigido.

O atirador foi reconhecido por testemunhas e identificado em câmeras de segurança fugindo da cena do crime. Preso na sexta-feira, dia 22, ele confessou ter sido o autor dos disparos. No dia seguinte, a Justiça converteu a prisão em preventiva, garantindo que o suspeito permaneça preso até o julgamento. Segundo o inquérito, ele atuava como executor da facção para intimidar comerciantes locais.

A Polícia Civil ainda destacou que o Comando Vermelho tem ampliado as ações de extorsão em Itapajé, levando vários comerciantes a fechar seus negócios e, em alguns casos, a abandonar a cidade. O avanço teria se intensificado nos últimos três meses, após a soltura de um dos chefes do grupo criminoso na região.

No último dia 19, o g1 já havia denunciado outro esquema semelhante: membros da facção estariam tentando controlar a venda de água de coco e outros produtos na Avenida Beira-Mar, principal ponto turístico de Fortaleza, onde vendedores e fornecedores também foram ameaçados.