O fantasma blindado de Hugo Motta
Por Ronaldo Nóbrega
A Coluna Política recebeu, sob o
véu do anonimato, a reação de um parlamentar à nota A Casa e seus fantasmas. A
frase foi simples e certeira: fantasmas não aparecem por acaso, são obra de
quem fecha os olhos para o que deveria enfrentar.
Para o interlocutor, o presidente da Câmara,
Hugo Motta, não teria hoje que lidar com espectros se tivesse, desde o início,
resolvido a questão de um fantasma de carne e osso e passaporte carimbado
chamado Eduardo Bolsonaro, ausente não por missão da Câmara dos Deputados, mas
por longa temporada nos Estados Unidos.
O comentário circula de boca em boca nos corredores
e cafezinhos. Antes de avançar com os pedidos de afastamento, por até seis
meses, de 14 deputados da oposição que participaram do motim no Congresso
Nacional e de uma deputada acusada de agressão, Hugo deveria cuidar de
disciplinar o fantasma que ocupa lugar na Mesa e responde pelo filho de Jair
Bolsonaro, seu aliado mais fiel, que foi decisivo para levá-lo à presidência da
Mesa da Casa.
A nota original já era um retrato fiel da
política que nunca dorme. A réplica acrescenta o detalhe que a torna mais
incômoda: no Brasil, há fantasmas que respiram, votam e, quando decidem viajar,
o fazem em primeira classe.