O Congresso Nacional derrubou, nesta quarta-feira (25), o decreto
presidencial que alterou as regras de cobrança do Imposto Sobre Operações
Financeiras (IOF).
Independentemente das razões ou dos objetivos suspeitos dos
parlamentares antigoverno, a proposta governamental de aumentar tributos contra
a população para fazer caixa sem que o governo apresentasse proposta de
contenção das despesas públicas, seja no Executivo, Legislativo e Judiciário,
não poderia mesmo ser aprovada.
É preciso que se faça o dever de casa, cortando gastos na própria pele,
para sobrar dinheiro, sem a necessidade de onerar mais o contribuinte.
Qualquer dona de casa responsável, na hora do aperto financeiro, reduz
os seus gastos domésticos para poder viver e pagar as suas contas necessárias.
É assim que o governo deveria proceder.
A ilha da fantasia Brasília é um nicho de desperdício público. Lá,
gasta-se no superlativo com a máquina pública como se o país vivesse nadando em
dinheiro, e as autoridades governamentais há muito tempo nada fazem.
A engenharia econômica governamental só é competente para criar fonte de
recursos, arrancados dos bolsos dos contribuintes.
Se o país não tem dinheiro para honrar os seus compromissos, então, que
se congele os salários públicos de todos, cortando mordomias políticas, viagens
internas e externas, uso de carros oficiais, cartão corporativo, comemorações
regadas a vinhos caros, picanhas etc., do Executivo, Legislativo, Judiciário, e
também da residência presidencial.
O país arrecada bem, veja, as exportações brasileiras atingiram US$ 30,4
bilhões em abril de 2025. Em 2023, o total das exportações foi de US$ 339,67
bilhões, um resultado inédito para o país.
Apenas neste ano, até domingo (20 de abril), o Impostômetro registrou
arrecadação de R$ 1,2 trilhão de tributos. É 8,6% a mais do que em
igual período de 2024. Em todo o ano passado, a arrecadação somou R$ 3,6
trilhões.
Em 2024, o Orçamento da União foi de aproximadamente R$ 5,6 trilhões,
sendo que cerca da metade desse valor correspondeu a despesas financeiras, como
juros e amortizações da dívida pública. Já as despesas primárias — que incluem
saúde, educação, previdência e outras áreas sociais — representaram cerca de
18,06% do PIB, uma leve queda em relação a 2023.
O Brasil com arrecadação fabulosa de impostos, precisa aumentar IOF para
cobrir as suas despesas?
Essa é uma pergunta que muitos brasileiros estão se fazendo — e com
razão. Em maio de 2025, o Brasil bateu recorde de arrecadação federal, com R$
230 bilhões em um único mês, o maior valor da série histórica desde 1995. Ainda
assim, o governo tentou aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
para cobrir um rombo fiscal estimado em R$ 20 bilhões.
Por que o aumento do IOF foi proposto? O governo alegou que precisava
equilibrar o orçamento e cumprir a meta fiscal de 2025. A arrecadação extra com
o novo IOF ajudaria a fechar as contas e dar fôlego para 2026.
Mas o Congresso barrou o aumento. Parlamentares e setores produtivos
reagiram fortemente, dizendo que o aumento era “imediatista” e penalizava
empresas e consumidores. A decisão foi vista como um recado claro: não dá mais
para tapar buracos só com aumento de impostos.
O que dizem os economistas? A arrecadação está robusta, mas os gastos
continuam crescendo em ritmo acelerado. O problema não é falta de dinheiro, mas
má gestão e falta de controle de despesa. A solução mais sustentável seria
cortar gastos ineficientes e revisar subsídios, mas há pouca disposição
política para isso.
O Brasil não precisaria aumentar o IOF se houvesse controle de gastos e
melhor gestão fiscal. A arrecadação já é alta — o desafio está em como o
dinheiro é usado.
Júlio César Cardoso
Servidor Federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
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