Com
o voto da ministra Cármen Lúcia, neste sábado (10), a 1ª Turma do Supremo
Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade manter a ação penal contra o
deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) no que se refere a três acusações: tentativa
de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de
Estado e organização criminosa. A sustação da ação penal havia sido aprovada
pela Câmara dos Deputados na útima quarta-feira (7), ao julgar pedido do PL.
A
decisão do STF também estabelece que a imunidade parlamentar aplica-se somente
a Ramagem, sem beneficiar outros investigados no processo, como o ex-presidente
Jair Bolsonaro. No voto seguido pela unanimidade, o relator Alexandre de Moraes
argumentou que "não há dúvidas" de que a Constituição permite a
suspensão apenas para crimes cometidos após a diplomação do parlamentar.
A
decisão do STF repercutiu imediatamente na Câmara dos Deputados, notadamente
entre os parlamentares da oposição e de apoio ao governo.
O
líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o Supremo simplesmente
seguiu o texto constitucional. “É isso que está escrito na Constituição. Se
tivesse algum ministro do Supremo querendo achar outro caminho, ele não poderia,
porque a Constituição é literal. Eu só lamento que a Câmara tenha errado a este
ponto”, disse.
Já
o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), criticou o fato de um
ministro do STF, em referência a Alexandre de Moraes, estar se sobrepondo à vontade
de toda a Câmara. Ele pediu, em rede social, uma resposta do presidente da
Câmara, Hugo Motta. “Vai defender a soberania do Parlamento ou assistir
calado?”, questionou.
O
líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), classificou a decisão como mais um capítulo
da “escalada autoritária” sobre o Estado de Direito no Brasil. “Quando um único
ministro escolhe desconsiderar, de forma explícita, a vontade expressa da
maioria do Parlamento, ele ataca a representação popular, o princípio
democrático e a independência entre os Poderes”, afirmou.
Segundo
Zucco, a decisão do Parlamento não foi um gesto político, mas ato
constitucional. “A quem interessa um Supremo que, ao invés de ser o guardião da
Constituição, passa a reescrevê-la segundo conveniências políticas?”,
questionou Zucco.
O
líder do Novo, deputado Marcel van Hattem (RS), fez coro às críticas.
"Alexandre de Moraes e o STF mais uma vez afrontam o Poder Legislativo
quando ignoram a decisão soberana da Câmara", afirmou. Ele também cobrou
uma resposta "contundente" de Motta. "A democracia e a vontade
popular não podem continuar sendo pisoteadas", declarou.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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