Após quase nove anos de espera, será que haverá a justiça aguardada pelos familiares das 242 vítimas do incêndio da Boate Kiss?

 


Iniciou na manhã de quarta-feira (01), no Foro Central de Porto Alegre, o julgamento dos quatro réus acusados pelo incêndio na Boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O incêndio vitimou 242 pessoas, deixou outras 636 feridas, e foi considerado a maior tragédia da história gaúcha. Entre as causas das mortes apontadas pela perícia na época, está a espuma que revestia o local que liberou cianeto, que é tóxico, e a presença de guarda-corpos em frente à porta, dificultando a saída da boate.

Os quatro réus, os empresários e sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Bonilha Leão são acusados pelo Ministério Público (MP) pelos crimes de homicídio simples de 242 pessoas e tentativa de homicídio de outras 636 que sofreram ferimentos na tragédia.

Após quase nove anos em trâmite, o julgamento será o mais longo da história do Brasil e o Tribunal de Justiça do RS estipula a duração de cerca de 15 dias para a conclusão, pois as atividades serão diárias, inclusive aos fins de semana, até as 23h. Ainda assim, uma série de ritos e protocolos além das sustentações orais e dos interrogatórios precisam ser seguidos.

Segundo o procurador de Justiça Criminal de São Paulo, Dr. Mário Papaterra, o julgamento é tardio, mas levando em consideração os prazos processuais e o tamanho da gravidade, o tempo que levou para ser julgado é explicado, além de todos os ritos que precisam ser seguidos para manter a idoneidade. "Em um julgamento longo assim, será de suma importância garantir a incomunicabilidade entre o júri, pois uma queda anula todo o julgamento, tão aguardado pela sociedade gaúcha e principalmente pelos familiares das vítimas", observa.


Dr. Mário Papaterra foi promotor do Tribunal do Júri de São Paulo, coordenador do Centro de Apoio Criminal, membro do Conselho Superior do Ministério Público, Secretário Adjunto da Segurança Pública e atualmente é procurador de Justiça Criminal em São Paulo e diretor do Movimento do Ministério Público Democrático (MPD).

 

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