VIVA NOSSA SENHORA DO ACRE!!!

 * NOVA VERSƃO SOBRE O QUADRO "A VIRGEM DO ACRE"

Por Edinei Muniz

A imagem que ilustra a postagem, um quadro medindo 1,80 por 1,20, representando a Virgem Imaculada com o Menino Jesus no braƧo esquerdo e um galho de seringueira no braƧo direito, encontra-se na Catedral Nossa Senhora de NazarƩ e carrega consigo um grande "mistƩrio".

A famosa e legendĆ”ria imagem de Nossa Senhora do Acre, segundo apontam algumas versƵes, teria sido a Padroeira do ExĆ©rcito de PlĆ”cido de Castro e, de igual modo, tambĆ©m dos bolivianos, que chegaram a disputĆ”-la no cenĆ”rio da "RevoluĆ§Ć£o Acreana", do lado de cĆ”, e "Guerra del Acre", do lado de lĆ”.

O referido quadro, agora segundo versƵes apresentadas pelo Frei Peregrino Carneiro de Lima, pertenceu originariamente aos bolivianos.

Segundo o Frei Peregrino, a obra era chamada pelos bolivianos  de "Nuestra Senora de La Paz" e teria sido tomada por PlĆ”cido de Castro na  Batalha de 06 de agosto de 1902, quando passou, supostamente, a figurar como Padroeira do ExĆ©rcito de Seringueiros Acreanos.

Ato seguinte, em setembro do mesmo ano, ainda segundo afirmaƧƵes do Frei Peregrino, o quadro teria sido resgatado pelos bolivianos. Poucos meses apĆ³s o ocorrido, em 24 de janeiro de 1903, a imagem teria sido retomada em definitivo por PlĆ”cido de Castro. De tal fato em diante, o paradeiro do quadro tornou-se "desconhecido", na versĆ£o  de religioso.

A Igreja CatĆ³lica teria passado cinquenta anos procurando o quadro, atĆ© que, em julho  de 1953, o mesmo Frei Peregrino, em viagem ao Rio de Janeiro, onde teria se dirigido em busca de recursos para a construĆ§Ć£o de uma igreja, resolveu fazer uma visita de cortesia a uma entidade que funcionava no dĆ©cimo andar de um prĆ©dio localizado na Rua do MĆ©xico, nĆŗmero 11. Era a "Casa do Acreano".

Ao adentrar no referido ambiente, uma imagem numa das paredes do lugar teria despertado a curiosidade do Santo Padre. O sacerdote pediu entĆ£o para examinĆ”-la de perto.

AtĆ© aquele momento, o Frei Peregrino dizia nunca ter visto o quadro e o que sabia dele teria ouvido pela boca de terceiros. O que sabia era que existiam perfuraƧƵes na imagem, provavelmente provocadas por balas perdidas, jĆ” que a mesma havia percorrido a linha de tiro da RevoluĆ§Ć£o Acreana.

O fato Ć© que Frei Peregrino, ao examinar a imagem, logo detectou os furos, supostamente provocados e nĆ£o teve dĆŗvidas: estava diante do misterioso quadro de Nossa Senhora do Acre.

Depois de "descoberta", a imagem passou por uma modesta restauraĆ§Ć£o e ficou exposta por um tempo na Igreja da CandelĆ”ria e depois na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, ambas no Rio de Janeiro.

No CinquentenĆ”rio do Tratado de PetrĆ³polis, Ć  pedido do Frei Peregrino, a imagem teria finalmente retornado ao Acre, fato que nĆ£o existem indĆ­cios seguros de ter de fato ocorrido.

O curioso Ć© que o quadro reapareceu um mĆŖs apĆ³s a criaĆ§Ć£o da Casa do Acreano (1953), momento em que houve um grandioso evento envolvendo o MinistĆ©rio das RelaƧƵes Exteriores, familiares do BarĆ£o do Rio Branco e tambĆ©m familiares de PlĆ”cido de Castro.

"LP" OU "LR" - O PINTOR DESCONHECIDO

Quanto ao artista que teria pintado o quadro, eis que surge mais uma "tese", agora do Padre Jose, irmĆ£o  do Frei Peregrino.

Segundo a versĆ£o do Padre Jose, “o Coronel JoĆ£o Rola, o Major BrandĆ£o e o Coronel HipĆ³lito Braga teriam dito que a histĆ³rica imagem da Nossa Senhora Seringueira teria sido pintada por um Ć­ndio boliviano que alegava ter visto Nossa Senhora segurando na mĆ£o um ramo de seringueira e que o mesmo teria assinado a tela apenas com as iniciais L.P.

Ou seja, nĆ£o se sabe ao certo, de acordo com a versĆ£o do referido padre, quem de fato teria sido o autor do referido trabalho artĆ­stico.

Existem informaƧƵes em jornais da Ć©poca que afirmam que as iniciais do artista seriam "L.R" e nĆ£o "L.P",  ainda que relativamente ilegĆ­veis.

NOVAS VERSƕES SOBRE A INICIATIVA E A AUTORIA  DA OBRA

Em 10 de julho de 1926, uma matĆ©ria publicada no Jornal do Brasil, intitulada "ReminiscĆŖncia da RevoluĆ§Ć£o Acreana", trouxe novas versƵes que, se nĆ£o contraditĆ³rias, podem ser tidas como  complementares em relaĆ§Ć£o Ć  iniciativa e tambĆ©m no tocante Ć  sua autoria, o que, covenhamos, sĆ£o fatos importantes e precisam ser historicamente conhecidos. Ou serĆ” que nĆ£o? Julgo que sim!

De qualquer sorte, tais informaƧƵes nĆ£o afastam o mito que sugere que a referida imagem teria percorrido a linha de tiro da chamada RevoluĆ§Ć£o Acreana com algum nĆ­vel de crenƧa espiritual de um lado ou do outro. Em verdade, apenas acrescenta dados importantes sobre a iniciativa da obra, bem como em relaĆ§Ć£o Ć  sua autoria, conforme jĆ” dito.

Pois bem! Diz a citada reportagem que a tela teria sido pintada por um pintor espanhol (infelizmente  ilegĆ­vel na matĆ©ria) Ć  pedido  do tambĆ©m espanhol Luis Galvez, o aventureiro que, em 14 de julho de 1899, fundou a RepĆŗblica Independente do Acre.

Segundo consta da citada matƩria, o quadro teria sido tomado pelos bolivianos durante as pelejas com Luiz Galvez.

DaĆ­ em diante, a "Virgem do Acre" teria passado a ser vista com frequĆŖncia nas mĆ£os dos bolivianos durante os embates com PlĆ”cido de Castro, que a teria resgatado em definitivo nos embates, historicamente tidos como "definitivos", ocorridos em Puerto Alonso.

Ainda segundo consta na referida reportagem, o quadro teria sido doado por PlĆ”cido de Castro Ć  Dona CĆ¢ndida do Sacramento em 1904, como uma espĆ©cie de reconhecimento pela participaĆ§Ć£o do seu esposo na RevoluĆ§Ć£o Acreana, o Sr. Leonel Antonio do Sacramento que acabara de falecer, um dos pioneiros da exploraĆ§Ć£o do Rio Purus e tido como extremamente violento com os indĆ­genas.

A Dona CĆ¢ndida do Sacramento, sua esposa, morou em Xapuri atĆ© por volta de 1915, onde administrava imensos seringais deixados pelo  falecido esposo e foi uma das principais organizadoras da educaĆ§Ć£o no munĆ­cipio no inĆ­cio do Acre TerritĆ³rio. Em seguida, apĆ³s vender tudo, foi embora para o Rio de Janeiro.

Consta que o referido quadro participou de algumas exposiƧƵes no Rio de Janeiro, no caso, no Museu da Marinha e na famosa Galeria Jorge. Ao lado da imagem, comumente era apresentada tambĆ©m  a bandeira da RepĆŗblica Independente do Acre.

Bom, a bandeira acabou indo parar no Museu da RepĆŗblica e hoje encontra-se no PalĆ”cio Rio Branco, destino que muito provavelmente deve ter tido o quadro em questĆ£o atĆ© ter sido localizado pelo Frei  Peregrino em 1953.

De um modo ou de outro, o fato Ć© que de agora em diante, ampliando a teia de mistĆ©rios que envolvem o referida quadro, estĆ£o lanƧadas novas informaƧƵes.

Ou seja: o quadro pode ter sido pintado por artista espanhol - a ser identificado, eis que ilegƭvel na matƩria mencionada - Ơ pedido de Luis Galvez.

Veja as pistas aqui:

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReaderMobile.aspx?bib=030015_04&PagFis=47896&Pesq=%22Virgem+do+Acre%22

 Edinei Muniz.

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