Deputada representa
bancada do PCdoB em manifestação que reúne mais de 6 mil indígenas em Brasília.
Na pauta, a luta contra o marco temporal, em julgamento no STF.
Por Christiane Peres
Mais de seis mil
indígenas do país inteiro estão em Brasília desde o último domingo (22) para
acompanhar o julgamento da tese do marco temporal, que deve ser retomado nesta
quarta-feira (25), pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O tema impacta
diretamente o processo de demarcação de terras indígenas no país.
Deputados de
diferentes partidos ligados à Frente Parlamentar Indígena participaram da
marcha até o STF, onde o grupo de indígenas irá acompanhar o julgamento.
A deputada Perpétua
Almeida (PCdoB-AC) reiterou o apoio da legenda à causa durante a marcha. “A
vida dos povos indígenas não acontece somente a partir de 1988. É importante o
reconhecimento desses territórios. São mais de seis mil indígenas que acampam
pedindo que o STF reconheça seus direitos aos seus territórios. Eles precisam e
merecem continuar de acordo com a Constituição, ocupando as terras que
originalmente são deles”, destacou a parlamentar.
O marco temporal,
tese defendida por grupos que têm interesse econômico nas terras indígenas –
como latifundiários, grileiros, madeireiros, garimpeiros e até o próprio
presidente Jair Bolsonaro –, estabelece que os povos originários só teriam
direito às terras efetivamente ocupadas até a promulgação da Constituição
Federal, em 5 de outubro de 1988. Na prática, se aprovada, a tese acaba com a
demarcação e revisão de territórios reivindicados pelos povos indígenas, e
aumenta a tensão em áreas de conflito, como no Mato Grosso do Sul, em terras
reivindicadas por grupos Guarani-Kaiowá, por exemplo.
O marco temporal
também ignora casos de remoção forçada ou mesmo expulsão violenta desses grupos
dos seus territórios, como no caso dos Xavante de Marãiwatsede, por exemplo.
A deputada Joenia
Wapichana (Rede-RR), coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos
Direitos dos Povos Indígenas (FPMDDPI), falou sobre a expectativa para o
julgamento.
“Os povos indígenas
têm a esperança de que o STF coloque um ponto final nessa tentativa de
estabelecer um marco temporal no direito à terra. É preciso que a sociedade
brasileira entenda que o direito à terra é o direito à própria vida dos povos
indígenas, que estão lutando para que as futuras gerações tenham condições de
ter essa sobrevivência física e cultural, sua organização social e costumes.
Tudo isso depende da decisão do STF em colocar um ponto final nessa discussão
que só encoraja a violência, a disputa pelas terras indígenas”, disse.
Julgamento no STF
A ação que será
julgada vai analisar a reintegração de posse movida pelo governo de Santa
Catarina contra o povo Xokleng, referente à Terra Indígena Ibirama-Laklãnõ,
onde também vivem os povos Guarani e Kaingang. Em 2019, o STF deu status de
“repercussão geral” ao processo, o que significa que a decisão tomada neste
caso servirá de diretriz para a gestão federal e todas as instâncias da Justiça
no que diz respeito aos procedimentos demarcatórios, motivo pelo qual indígenas
de todo o país estão mobilizados em torno do tema.
Deputada representa bancada do PCdoB em manifestação que reúne mais de 6 mil indígenas em Brasília. Na pauta, a luta contra o marco temporal, em julgamento no STF.
Mais de seis mil indígenas do país inteiro estão em Brasília desde o último domingo (22) para acompanhar o julgamento da tese do marco temporal, que deve ser retomado nesta quarta-feira (25), pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O tema impacta diretamente o processo de demarcação de terras indígenas no país.
Deputados de diferentes partidos ligados à Frente Parlamentar Indígena participaram da marcha até o STF, onde o grupo de indígenas irá acompanhar o julgamento.
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) reiterou o apoio da legenda à causa durante a marcha. “A vida dos povos indígenas não acontece somente a partir de 1988. É importante o reconhecimento desses territórios. São mais de seis mil indígenas que acampam pedindo que o STF reconheça seus direitos aos seus territórios. Eles precisam e merecem continuar de acordo com a Constituição, ocupando as terras que originalmente são deles”, destacou a parlamentar.
O marco temporal, tese defendida por grupos que têm interesse econômico nas terras indígenas – como latifundiários, grileiros, madeireiros, garimpeiros e até o próprio presidente Jair Bolsonaro –, estabelece que os povos originários só teriam direito às terras efetivamente ocupadas até a promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988. Na prática, se aprovada, a tese acaba com a demarcação e revisão de territórios reivindicados pelos povos indígenas, e aumenta a tensão em áreas de conflito, como no Mato Grosso do Sul, em terras reivindicadas por grupos Guarani-Kaiowá, por exemplo.
O marco temporal também ignora casos de remoção forçada ou mesmo expulsão violenta desses grupos dos seus territórios, como no caso dos Xavante de Marãiwatsede, por exemplo.
A deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (FPMDDPI), falou sobre a expectativa para o julgamento.
“Os povos indígenas têm a esperança de que o STF coloque um ponto final nessa tentativa de estabelecer um marco temporal no direito à terra. É preciso que a sociedade brasileira entenda que o direito à terra é o direito à própria vida dos povos indígenas, que estão lutando para que as futuras gerações tenham condições de ter essa sobrevivência física e cultural, sua organização social e costumes. Tudo isso depende da decisão do STF em colocar um ponto final nessa discussão que só encoraja a violência, a disputa pelas terras indígenas”, disse.
Julgamento no STF
A ação que será julgada vai analisar a reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à Terra Indígena Ibirama-Laklãnõ, onde também vivem os povos Guarani e Kaingang. Em 2019, o STF deu status de “repercussão geral” ao processo, o que significa que a decisão tomada neste caso servirá de diretriz para a gestão federal e todas as instâncias da Justiça no que diz respeito aos procedimentos demarcatórios, motivo pelo qual indígenas de todo o país estão mobilizados em torno do tema.
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