A fome não dói em políticos e governos



Para fundamentar este texto, exemplifiquemos o desespero do menino Miguel, de onze anos, da cidade de Santa Luzia (MG), que ligou para a Polícia Militar implorado por comida para a sua família.  

 

Dói, punge o coração de qualquer vivente que tenha um mínimo de sensibilidade e compaixão saber que brasileiros passam fome diante de uma Constituição tratada como figura decorativa pelos políticos e governos.  

 

Dispõe o art. 3º da CF que, entre os objetivos fundamentais da República Federativa, está o de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.  Mas isso pouco preocupa a casta política e governamental. Inclusive o presidente da República dúvida de que existem milhões de pessoas passando fome no país.  

 

Essa escória que representa a sociedade e deveria fiscalizar os governos só está no Parlamento em busca do cabide de emprego ou por outros inconfessáveis interesses. O país é vítima da corporação política nacional, repleta de incompetentes e politiqueiros, os quais só querem tirar proveito da coisa pública.    

 

Os bolsões de miséria, no país, representam um nicho ativo importante onde os políticos buscam votos para suas eleições, por isso não existe interesse na erradicação da pobreza. Ademais, se toda a dinheirama empregada para sustentar o Legislativo e suas mordomias fosse direcionada ao social, a miséria de nossos irmãos descamisados estaria minimizada e seríamos indubitavelmente um país pujante diante do concerto das nações.   

 

 

O nosso país é irremediável. Pelas vias democráticas troca-se de presidentes da República, mas o Brasil continua com os mesmos problemas. 

 

O atual dirigente, por exemplo, não cumpriu as promessas de campanha, ameaça sistematicamente a democracia, chegando ao absurdo de questionar a lisura do modelo eleitoral eletrônico brasileiro, sem ter apresentado nenhuma prova de irregularidade.

 

Enquanto isso, o ex-presidente Lula e partido passaram mais de 13 anos no poder e foram incapazes de reduzir drasticamente a miséria. Deixaram o país à beira da bancarrota, com mais de 13 milhões de desempregados, empresas quebradas, inflação alta, Petrobras saqueada, descrédito na comunidade financeira internacional, etc.   

 

O cientista e historiador José Murilo de Carvalho, membro da Academia Brasileira de Letras, pontificou que "O Brasil não será um grande país. Estou pessimista." Em entrevista ao jornal O Globo disse também que não há nada a celebrar nos 200 anos da Independência. Com efeito, a política e os políticos nacionais são o atraso do nosso Brasil.    

 

Vivemos num país paradoxal, onde as necessidades sociais são tratadas como moeda de troca em balcão de negócios espúrios no Congresso Nacional.  Vejam o absurdo, aprovou-se um fundo de 5,7 bilhões de reais para bancar a orgia dos gastos dos políticos, sob a justificativa esfarrapada de que se trata de dinheiro para financiar a democracia.   

 

Observa-se, assim, uma retórica falaciosa daqueles políticos que não mensuram o desperdício de dinheiro público (do contribuinte), num país de disparidades sociais graves; de falta de saneamento básico com cidades  com esgotos  ainda correndo a céu aberto; de sistema de educação e saúde precários; de falta de segurança pública; de malha rodoviária malconservada; de milhões de miseráveis vivendo abaixo da linha de pobreza, tendo, conforme dados fidedignos, mais de 33  milhões de pessoas passando fome.   

 

Democracia não se financia com dinheiro público, enquanto o governo responde falsamente que não dispõe de verba para atender às necessidades sociais. Quem quiser ingressar ou continuar na política que assuma o gasto de sua campanha. Por isso, sou favorável à candidatura avulsa sem filiação partidária.   

 

O país, reitero, é vítima da corja política acomodada no inchado e inoperante Congresso Nacional, repleto de sanguessugas que só produzem gastos inúteis, quando todo esse dinheiro empregado para manter o Parlamento e partidos deveria ser aplicado no social.   

 

Quando a gente assiste à ebulição da “festa da democracia”, neste período eleitoral, basta retroagir o filme para comprovar que as promessas dos candidatos são as mesmas de outras campanhas. Com raríssimas exceções, alguns políticos cumprem com lealdade os seus mandatos. Mas outros dão as costas aos eleitores, vão cuidar de seus interesses solertes, interrompem mandato para exercer funções fora do Parlamento ou participar de novos pleitos.   

 

Assim, votar, pelo que se tem observado e vivenciado, é perda de tempo. É dar emprego a político oportunista, enquanto você pode estar desempregado e vai continuar sem emprego.  

 

O voto deveria ser facultativo. E outra coisa, mesmo que o indivíduo deixe de votar ou anule o seu voto, cada cidadão, como contribuinte, continuará com o direito de reclamar pela atuação negativa de qualquer político ou governo. 

 

Júlio César Cardoso

Servidor federal aposentado

Balneário Camboriú-SC

 

  

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