Está na mídia: Centrão quer mais espaço no governo Bolsonaro e já mira o
MEC e Petrobras. Os lobos vorazes continuam dando as cartas na República. Não
tem jeito de perspectivas de mudança. O tecido podre de nossa política é o
mesmo. E aquele que enganou o país ao afirmar que iria combater a corrupção
naufragou ao procurar o Centrão como refúgio de governabilidade.
Os partidos políticos deveriam limitar a sua área de atuação apenas no
Parlamento para que os seus políticos desempenhassem cabalmente as obrigações
de mandatos. Por sua vez, o apoio de partido a qualquer candidato ao Executivo
ou a sua adesão a medidas governamentais não pode ficar condicionado ao
recebimento de cargos. Esse modus operandi de troca de favores — o consagrado e
vergonhoso fisiologismo do toma lá, dá cá — tem contribuído muito para denegrir
a imagem política perante a sociedade.
Há muito tempo temos um Congresso transformado em refúgio de elementos
espertalhões, incapazes de ganhar a vida na iniciativa privada — com raras
exceções —, que buscam a política para defender os mais diferentes interesses.
Trata-se de Congresso de políticos gazeteiros, fisiologistas e
indecorosos, que só procuram o eleitor em época de eleição. Congresso que
protege políticos corruptos, não fiscaliza o Executivo, não defende a sociedade
e deixa de cumprir as suas obrigações constitucionais. Congresso, enfim, mais
preocupado com a eleição e reeleição de seus políticos
“profissionais”.
Pagamos
o ônus de viver num país destruído por maus políticos. País de políticos e
governos que não priorizam recursos destinados às áreas de educação, saúde,
segurança, habitação, saneamento básico de cidades onde o esgoto ainda corre a
céu aberto, com mais de 12 milhões de pessoas desempregadas e endividadas,
enquanto políticos pilham, esbulham, roubam, saqueiam o Erário, escondendo o
dinheiro dos contribuintes em malas, meias, cuecas, em pastas, envelopes e tudo
adredemente planejado de forma descarada.
A
renovação do Congresso não tem alterado o perfil da corrupção política
nacional. As velhas práticas políticas continuam sendo
operadas.
Muitos políticos e outros incautos por razões diversas defendem a
obrigação do voto. Mas o voto não deveria ser obrigatório em nossa democracia.
Mesmo porque está provado que o voto obrigatório não seleciona o bom político
nem o governante.
Se no Brasil fosse implantado o voto facultativo, o voto de disposição
voluntária de vontade, certamente o perfil de candidatos eleitos seria melhor e
muitos muquiranas não seriam eleitos e reeleitos.
Mesmo que você, eleitor, decida não votar ou anular o seu voto, como
contribuinte você continua tendo direito de contestar a atuação negativa de
qualquer parlamentar ou governante.
O
fato é que o mau comportamento da classe política, no campo ético e moral, bem
como o descumprimento de promessas de campanha tem contribuído para o
desinteresse dos jovens por eleição e vida política.
Júlio
César Cardoso
Servidor
federal aposentado
Balneário
Camboriú-SC