Dos meus 47 anos de idade, em 28 deles, estive, em ritmo
diário, à frente de pelo menos uns duzentos jovens.
Na primeira década dessa fascinante jornada, trabalhei os
três turnos. Era um tempo de escolas cheias e turmas de 50 alunos não eram
incomuns.
Juntando os contatos diários, por turmas e turnos, a depender
do horário escolar, cheguei a ter à minha frente uns 400 jovens todos os dias.
Apesar de extremamente desgastante, ao ponto de dar causa a
problemas nas cordas vocais que me obrigaram à intervenção cirúrgica, quem nos
viu e ouviu nesses anos todos, poderá testemunhar.
Além dos conteúdos científicos das Ciências Biológicas, da
valorização das Ciências em geral, da Filosofia e das artes, nunca deixou de
ser objeto da nossa pregação diária a valorização da liberdade individual e a
busca do melhor padrão de produtividade visando aproximação com o mérito
competitivo.
No entanto, a progressiva desvalorização do mérito,
decorrente da absurda política de aparelhamento, prática comum a quase todos os
governos, combinada com a frágil e incipiente perspectiva de abertura de novas
oportunidades econômicas,acabou
favorecendo o distanciamento dos jovens das escolas, ao ponto de sermos um dos
líderes do triste ranking nacional da ociosidade juvenil.
Em cenário de progressiva escassez de postos de trabalho, o
Estado do Acre, em afrontosa ofensa à Ordem Jurídica, optou pelo manejo
eleitoral das oportunidades.
E após a instalação de uma nefasta e gravíssima política de
apadrinhamento, promovida irresponsavelmente pelos atores da política estatal,
o reflexo na outra ponta veio à jato.
A juventude, largando livros, cadernos, sonhos, canetas e
esperanças, acabou virando as costas para as escolas e passou a ser noticiada
nas páginas policiais, situação escandalosamente demonstrada através do
posicionamento do Acre na liderança nacional das taxas de encarceramento de
jovens e também dos índices extremados de vulnerabilidade juvenil.
Se não bastasse, no ambiente mais propício ao diálogo com a
juventude, que são as próprias escolas, ignorando a Lei de Gestão Democrática,
instalou-se um regime policialesco de intervencionismo em ambiente que deveria
gozar de ampla autonomia pedagógica.
Tal quadra de absurdos, acabou afetando a produtividade de
gestores e demais educadores, culminando com um impactante choque de demandas
reprimidas que ecoou no ano de 2015, naquele que foi o maior e mais
fortemente audível grito por valorização e respeito já visto na educação
acreana e que serviu de anúncio de busca de novos tempos.
Em ambiente permanentemente tensionado por intervencionismos
descabidos e infantilmente dominado pela busca de máscaras de indicadores
técnicos manipuláveis que, ao invés de impactarem favoravelmente o nível
educacional e produtivo da juventude, acabaram reduzidos à frieza numérica e
cartesiana do IDEB.
Deste modo, a rede de ensino, que deveria ser um canal de
garimpagem econstrução de boas práticas
e experiências pedagógicas, acabou se transformando numa rede de intrigas,
visivelmente demonstrada através do inaceitável e horrendo isolamento
administrativo de inúmeras escolas, em especial,aquelas que, na busca do cumprimento das
próprias obrigações, optaram porexigir
valorização, autonomia e respeito como práticas cotidianas, essas que, por
sinal, são as únicas opções que lhes cabem frente aos vetores da gestão
democrática.
Em síntese, o Acre assiste há pelo menos uma década e meia
uma progressiva onda de distanciamento das escolas do papel de serem, por
influência e irrecusável vocação, os melhoreslaboratórios de construções de esperanças e perspectivas para a
juventude.
Por tudo isso, com o olhar atento nas mudanças que virão, não
podemos mais admitir que o estado siga, como um dia já seguiu, sugerindo as
cadeias comooferta de políticas
públicas para a juventude ao mesmo tempo em que trata os efeitos desse abandono
como se segurança pública fosse problema só de polícia.
A educação será convocada a se fazer presente na linha de
frente na busca de melhores níveis de estabilização social frente à gravidade
do quadro que vivemos.
Sempre seremos convocados! E sempre estaremos presentes!
Feliz dia dos professores a todos os milhares de amigos de
luta. Tamujunto!!!
Por Edinei Muniz
Dos meus 47 anos de idade, em 28 deles, estive, em ritmo diário, à frente de pelo menos uns duzentos jovens.
Na primeira década dessa fascinante jornada, trabalhei os três turnos. Era um tempo de escolas cheias e turmas de 50 alunos não eram incomuns.
Juntando os contatos diários, por turmas e turnos, a depender do horário escolar, cheguei a ter à minha frente uns 400 jovens todos os dias.
Apesar de extremamente desgastante, ao ponto de dar causa a problemas nas cordas vocais que me obrigaram à intervenção cirúrgica, quem nos viu e ouviu nesses anos todos, poderá testemunhar.
Além dos conteúdos científicos das Ciências Biológicas, da valorização das Ciências em geral, da Filosofia e das artes, nunca deixou de ser objeto da nossa pregação diária a valorização da liberdade individual e a busca do melhor padrão de produtividade visando aproximação com o mérito competitivo.
No entanto, a progressiva desvalorização do mérito, decorrente da absurda política de aparelhamento, prática comum a quase todos os governos, combinada com a frágil e incipiente perspectiva de abertura de novas oportunidades econômicas, acabou favorecendo o distanciamento dos jovens das escolas, ao ponto de sermos um dos líderes do triste ranking nacional da ociosidade juvenil.
Em cenário de progressiva escassez de postos de trabalho, o Estado do Acre, em afrontosa ofensa à Ordem Jurídica, optou pelo manejo eleitoral das oportunidades.
E após a instalação de uma nefasta e gravíssima política de apadrinhamento, promovida irresponsavelmente pelos atores da política estatal, o reflexo na outra ponta veio à jato.
A juventude, largando livros, cadernos, sonhos, canetas e esperanças, acabou virando as costas para as escolas e passou a ser noticiada nas páginas policiais, situação escandalosamente demonstrada através do posicionamento do Acre na liderança nacional das taxas de encarceramento de jovens e também dos índices extremados de vulnerabilidade juvenil.
Se não bastasse, no ambiente mais propício ao diálogo com a juventude, que são as próprias escolas, ignorando a Lei de Gestão Democrática, instalou-se um regime policialesco de intervencionismo em ambiente que deveria gozar de ampla autonomia pedagógica.
Tal quadra de absurdos, acabou afetando a produtividade de gestores e demais educadores, culminando com um impactante choque de demandas reprimidas que ecoou no ano de 2015, naquele que foi o maior e mais fortemente audível grito por valorização e respeito já visto na educação acreana e que serviu de anúncio de busca de novos tempos.
Em ambiente permanentemente tensionado por intervencionismos descabidos e infantilmente dominado pela busca de máscaras de indicadores técnicos manipuláveis que, ao invés de impactarem favoravelmente o nível educacional e produtivo da juventude, acabaram reduzidos à frieza numérica e cartesiana do IDEB.
Deste modo, a rede de ensino, que deveria ser um canal de garimpagem e construção de boas práticas e experiências pedagógicas, acabou se transformando numa rede de intrigas, visivelmente demonstrada através do inaceitável e horrendo isolamento administrativo de inúmeras escolas, em especial, aquelas que, na busca do cumprimento das próprias obrigações, optaram por exigir valorização, autonomia e respeito como práticas cotidianas, essas que, por sinal, são as únicas opções que lhes cabem frente aos vetores da gestão democrática.
Em síntese, o Acre assiste há pelo menos uma década e meia uma progressiva onda de distanciamento das escolas do papel de serem, por influência e irrecusável vocação, os melhores laboratórios de construções de esperanças e perspectivas para a juventude.
Por tudo isso, com o olhar atento nas mudanças que virão, não podemos mais admitir que o estado siga, como um dia já seguiu, sugerindo as cadeias como oferta de políticas públicas para a juventude ao mesmo tempo em que trata os efeitos desse abandono como se segurança pública fosse problema só de polícia.
A educação será convocada a se fazer presente na linha de frente na busca de melhores níveis de estabilização social frente à gravidade do quadro que vivemos.
Sempre seremos convocados! E sempre estaremos presentes!
Feliz dia dos professores a todos os milhares de amigos de luta. Tamujunto!!!
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