A omissão de informações pode ter resultado na operação da Polícia Federal (PF) contra médicos do Juruá, afastando um especialista e indiciando outros 14 profissionais que foram vítimas do bloqueio de bens por parte de uma decisão judicial sem dados que confirmassem a presença dos trabalhadores nos plantões. Para tentar reparar o problema, a diretoria do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) pediu, em reunião virtual, que a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) fornecesse documento comprovando a realização dos plantões, mas, quase 30 dias depois, a informação não foi disponibilizada.
Para forçar o governo do Estado a
apresentar os documentos, o setor jurídico do Sindicato voltou a cobrar os
dados oficiais, por meio de requerimento, encaminhado nesta quinta-feira (7).
Caso não haja retorno dos gestores, um processo poderá ser ajuizado e uma
denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) poderá resultar em punição
daqueles que estão negando o repasse das informações.
Sem o detalhamento referente à
realização dos plantões por parte da Sesacre, a PF estaria atribuindo aos
médicos a acusação de não estarem fazendo o trabalho mesmo recebendo o
dinheiro. A situação, mesmo não sendo verdadeira, vem afetando os profissionais
que estão passando dificuldades pela falta de pagamentos por estarem com as
contas congeladas, além do ataque contra a imagem daqueles servidores que fazem
parte da sociedade cruzeirense.
O Sindmed-AC e os próprios médicos
apelaram para as autoridades locais com o objetivo de fornecerem os dados, mas
a classe política tem virado as costas, punindo, de forma injusta, todos os
servidores que temem serem vítimas do abuso de autoridade resultante da
investigação, de um processo parcial ou de prisão. O resultado é o pedido de
demissão de dezenas de profissionais, e o início do caos na saúde do Juruá, o
que vem contribuindo para o aumento dos gastos com o pagamento de passagens
para pacientes terem tratamento em Rio Branco, via Tratamento Fora do Domicílio
(TFD).
O Sindicato alerta para uma possível
paralisação total de todos os serviços nos próximos meses em virtude de novos
pedidos de demissão e entrega de cargos em postos de saúde, Maternidade e
Hospital do Juruá, em plena pandemia pelo coronavírus. Os médicos estão pedindo
apenas que a Sesacre forneça os documentos, mostrando que, para atender à
população, muitos profissionais são obrigados a atuar por mais de 36 horas
seguidas em uma mesma Unidade, justamente pela falta de médicos que assumam o
plantão seguinte.
Os sindicalistas lamentam que, aqueles
trabalhadores que estão salvando vidas em plena pandemia, estejam sendo
tratados como bandidos.
Por Freud Antunes