20/01/2021
Na medida em que é um banco público,
o Banco do Brasil cumpre, ao longo de sua secular história, uma função social à
nação.
Senadora Mailza Gomes
Nesta semana, que findou, nós
brasileiros, fomos surpreendidos pelo anúncio do presidente do Banco do Brasil
do plano de fechamento de mais de 350 unidades de atendimento e demissão voluntária
de mais de cinco mil funcionários.
No Acre, ao menos quatro agências bancárias devem fechar
após restruturação anunciada pelo BB e devem ser transformadas em postos de
atendimento sendo a Agência da Avenida Ceará, em Rio Branco; da Catedral, em
Cruzeiro do Sul; Assis Brasil e Bujari vão ser fechadas. A agência de Mâncio
Lima vai deixar de ser agência e se tornar posto de atendimento, assim como a
de Feijó.
Como senadora da República, afirmo minha preocupação com
este plano de reestruturação organizacional e administrativo do Banco do
Brasil, nos moldes propostos pelo seu presidente André Brandão.
Primeiro, porque o Banco do Brasil é uma instituição
secular, patrimônio inestimável da nação e motivo de orgulho dos brasileiros.
Foi o primeiro banco a operar em nosso país, hoje figura como uma das maiores
instituições bancárias da América Latina, tanto em termos de cobertura como de
governança corporativa, resultado do trabalho de seus valorosos servidores.
Também porque o Banco do Brasil, assim como a Caixa
Econômica, é um instrumento de política econômica do governo, com diversas
linhas de crédito para a indústria, o agronegócio e a política habitacional do
país, abrangendo micros, pequenos e médios empreendedores brasileiros nos
municípios mais distantes.
Na medida em que é um banco público, o Banco do Brasil
cumpre, ao longo de sua secular história, uma função social à nação. É possível
imaginar quanto seriam os juros para aquisição da casa própria sem o poder
regulador do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal?
Noutra ponta, a sociedade brasileira
precisa da capilaridade do Banco do Brasil, porque na atualidade, mais de 99%
dos municípios brasileiros são atendidos pela instituição, ajudando na inclusão
social e no empreendedorismo nas regiões mais distantes do país.
Portanto, não seria de bom tom, o
fechamento de agências e demissão de funcionários, ainda mais sabendo que
muitas das unidades de atendimento que serão fechadas ficam em municípios
distantes, onde nenhum banco privado terá interesse de se instalar.
Sabemos também que o Banco do Brasil
é altamente lucrativo e passa distante de ser uma instituição pública
deficitária. O sistema bancário brasileiro é concentrado e sólido e permite às
principais instituições financeiras - incluindo o próprio Banco do Brasil -
bastante margem de segurança e de lucros, verificados em seus balanços das
últimas décadas.
O argumento de modernização torna-se
inferior perante o interesse social. Devemos buscar outras formas de se
modernizar sem sacrificar aqueles municípios e suas populações que só possuem
acesso aos serviços bancários pelo alcance do Banco do Brasil, sendo, portanto,
necessária uma compreensão sociológica das peculiaridades das várias regiões e
microrregiões do país.
No Acre, estado que represento,
conheço bem a realidade dos municípios mais distantes e o que o Banco do Brasil
representa para suas populações. Nestes lugares, bem como em outros também
longínquos e isolados da Amazônia, é preciso uma ação efetiva para facilitar a
integração de suas populações em tempo mais curto no atendimento de suas
necessidades dos serviços financeiros.
Esperamos que o Governo Federal
reveja o plano de reestruturação, tomado pela sensibilidade das especificidades
dos municípios que sem a presença do banco dos brasileiros,
ficarão com suas populações ainda mais à margem de vários serviços essenciais.
Por Senadora Mailza Gomes