Por Edinei Muniz
Analisando todas as disputas eleitorais de segundo turno já
ocorridas no Brasil, uma virada como a que a candidata Socorro Neri (PSB) precisa ocorreu apenas uma única vez,
numa eleição para prefeito na qual o PT foi derrotado. Mas os contextos eram
bem diferentes.
Enfim, para vencer a eleição hoje, a atual prefeita precisa
de uma virada que ocorreu apenas uma vez desde 1988, considerando todas as
eleições majoritárias – para prefeito, governador ou presidente.
A dificuldade da virada de Socorro se dá por um motivo duplo:
Bocalom foi o primeiro colocado do 1º turno com uma votação respeitável, 0,5 %
abaixo do necessário para ter a maioria dos votos; como se não bastasse, a
candidata do PSB teve apenas 22,6 % dos votos válidos, o que leva a uma
diferença considerável de pouco menos de 27%.
Há apenas um caso de candidato que venceu o segundo turno
nessas condições depois de ter menos de 30% dos votos no primeiro e ver seu
adversário com mais de 45%. Foi uma derrota do PT, nas eleições municipais de
Santo André em 2008, tida pelos petistas até hoje como uma das mais dolorídas
na ótica deles, eis que o resultado do pleito interrompeu 12 anos de hegemonia
petista na cidade, iniciada pelo ex-prefeito Celso Daniel.
Naquele ano, Vanderlei Siraque (PT) terminou o primeiro turno
com 48,9% dos votos, contra 21,8% do candidato Doutor Aidan (PTB). Portanto,
foi uma virada percentualmente quase idêntica a que Socorro Neri precisa para virar e manter-se no cargo,
ou seja, 27% dos votos.
No segundo turno, Aidan venceu por 55% a 45%, com diminuição
do percentual de votos válidos conquistados pelo adversário.
Diante disso, caso Socorro Neri consiga a façanha - quase
improvável - será, de cara, a medalha de prata de toda a história das viradas
do primeiro para o segundo turno no Brasil desde a promulgação da Constituição
de 1988.