O espancamento até a morte de
um homem (negro) por seguranças do supermercado Carrefour, em Porto Alegre,
estarrece a todos e expõe o estado de violência por que passa a nossa sociedade.
Reprova-se qualquer atitude
violenta contra alguém. E aqueles que se excederam no ato provocando a morte
devem ser punidos exemplarmente com pena proporcional aos crimes praticados.
Mas os antecedentes do cidadão
assassinado não eram de pessoa bem comportada. Já possuía histórico policial de
indivíduo violento e de cometimento de outros delitos. Tudo isso deve ser
sopesado, não para relativizar a responsabilidade dos criminosos,
mas para ressaltar que não se tratava de cidadão de ilibada conduta. E quem não
tem ilibada conduta acaba um dia encontrando o seu inglorioso fim.
Por sua vez, o supermercado não
pode ser incriminado, pois duvido que seja de sua filosofia de
mercado comungar com tais atitudes. Os responsáveis diretos bela barbárie foram
sim os seguranças que se excederam no seu dever de ofício e, portanto, merecem
ser punidos.
Levar o caso para o lado de
questão racial, só porque o indivíduo morto era um afrodescendente e os
agressores aparentemente brancos, é uma irresponsabilidade
provocativa para que os movimentos negros se rebelem. E quem afirma que não seria
da mesma forma trucidado um cidadão não negro que tivesse agido igual ao
assassinado?
O problema de preconceito
racial é uma mácula histórica no contexto das nações. Países considerados do
Primeiro Mundo também praticam. Somente educação não põe fim ao preconceito,
apenas atenua, porque o preconceito, não só o racial, está no caráter de cada
indivíduo, na forma deformada malévola como ele vê e sente prazer de espezinhar
o seu semelhante.
Fora do eixo Norte e Nordeste,
por exemplo, os cidadãos dessas regiões costumam ser hostilizados e
ridicularizados por seu biótipo, com considerações irônicas como as que temos
ouvido ultimamente do presidente da República. Trata-se de preconceito latente
próprio dos indivíduos incivilizados e de difícil erradicação.
Falar em preconceito racial
estrutural no Brasil não me parece correto. O que ocorre no país é apenas um
problema de condição social por falta de políticas públicas sociais inclusivas
para todos: negros, brancos pobres etc., para que ambos,
através do recebimento de educação pública de qualidade, possam se sobressair
por suas próprias qualidades e competências.
Não podemos negar, entretanto,
que os afrodescendentes sofrem em todas as nações incivilizadas. A maldade é do
ser humano. Somente os negros bem-sucedidos e que não se expõem ao público
gozam de relativo respeito.
A questão racial sempre
existirá. Adolf Hitler já defendia a raça pura, a raça branca, a
“raça ariana”.
Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC