Foto: Marcos Corrêa/PR
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (22) que o
Brasil é vítima de “uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a
Amazônia e o Pantanal”. Ao abrir a sessão de debates da 75ª Assembleia Geral
das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro justificou que há interesses comerciais por
trás das notícias sobre queimadas e desmatamentos e que os incêndios que
atingem as florestas brasileiras são comuns à época do ano e ao trabalho de
comunidades locais em áreas já desmatadas.
“A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima.
Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em
interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e
impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”,
disse. “O Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos. E, por
isso, há tanto interesse em propagar desinformações sobre o nosso meio
ambiente”, completou.
Durante seu discurso, o presidente destacou o rigor
da legislação ambiental brasileira, mas lembrou a dificuldade em combater
atividades ilegais na Amazônia, como incêndios, extração de madeira e
biopirataria, devido à sua extensão territorial. Ele ressaltou que, juntamente
com o Congresso Nacional, está buscando a regularização fundiária da região,
“visando identificar os autores desses crimes”.
“O nosso Pantanal, com área maior que muitos países
europeus, assim como a Califórnia, sofre dos mesmos problemas. As grandes
queimadas são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao
acúmulo de massa orgânica em decomposição”, disse.
Covid-19
Em meio à pandemia do novo coronavírus, esta edição
da Assembleia Geral da ONU é realizada de forma virtual. Tradicionalmente, o
Brasil é o primeiro país a fazer um pronunciamento e o presidente Bolsonaro,
assim como os outros líderes mundiais, enviou a declaração gravada.
Ele lamentou as mortes por covid-19 e reafirmou o
alerta de que o vírus e as questões econômicas “deveriam ser tratados
simultaneamente e com a mesma responsabilidade”. Bolsonaro listou as medidas
econômicas implementadas pelo governo federal e disse que, sob o lema “fique em
casa” e “a economia a gente vê depois”, os veículos de comunicação brasileiros
“quase trouxeram o caos social ao país”. “Como aconteceu em grande parte do
mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o
pânico entre a população”, opinou.
Para o presidente, a pandemia deixou a lição de que
a produção de insumos e meios essenciais para a sobrevivência da população não
pode depender apenas de poucas nações. Nesse sentido, ele colocou o Brasil
aberto para o desenvolvimento de tecnologias de ponta e inovação, a exemplo da
indústria 4.0, da inteligência artificial, nanotecnologia e da tecnologia 5G,
“com quaisquer parceiros que respeitem nossa soberania, prezem pela liberdade e
pela proteção de dados”.
Bolsonaro falou ainda sobre a ampliação de acordos
comerciais bilaterais e com blocos econômicos e disse que, em seu governo, “o
Brasil, finalmente, abandona uma tradição protecionista e passa a ter na
abertura comercial a ferramenta indispensável de crescimento e transformação”.
Em seu discurso, o presidente também destacou a
atuação brasileira no campo humanitário e dos direitos humanos e as reformas
que estão sendo implementadas no país.