Cássio Rizzonuto
Na manhã de terça-feira do dia 20 de
agosto do ano passado, o país testemunhou, abismado, o governador Wilson Witzel
(PSC-RJ)), descer de um helicóptero ensaiando passos de dança, brandindo punhos
cerrados e vibrando com a morte do sequestrador de um ônibus que se encontrava
estacionado num dos trechos da ponte Rio-Niterói.
A ação policial tinha sido precisa,
mas não se havia presenciado, ainda, tão alta autoridade nacional comemorar de
maneira fervorosa a morte de um seu semelhante. À época, sua excelência
começava a tecer na surdina os fios que supunha terem força suficiente para
conectá-lo ao cargo de presidente de nossa desmoralizada República.
Eleito na formação de aliança com o
presidente Jair Bolsonaro, Witzel tratava, na ocasião, de estreitar laços com o
governador de São Paulo, João Doria, ensaiando marcha articulada que boicotava
iniciativas presidenciais, cujo único objetivo seria derrubar o chefe do
Executivo Federal. Não conseguiu.
A população desconhecia que o
governador iria se revelar bandido com o mesmo grau de periculosidade daquele
abatido na ponte. A sua “especialização”, segundo medida de afastamento tomada
pelo STJ, reside no roubo do dinheiro público. Num país onde as prisões são
todas “revisadas” pelo STF, a certeza de impunidade é um estímulo.
Wilson Witzel não se mostrou apenas
insensato, ao comemorar a morte do sequestrador em ação policial. Mais tarde,
mostrou-se também cretino: na final da Copa Libertadores da América (2019),
entrou em campo e ajoelhou-se para imitar o gesto de que iria engraxar as
chuteiras de Gabriel de Jesus, autor dos gols da vitória do Flamengo.
O jogador sequer tomou conhecimento e
o deixou como a um idiota, com cara de tacho, esperando em vão que fosse
colocada a chuteira sobre o seu joelho para a emulação. Vejam só, o governador
de estado importante como o Rio de Janeiro se submeter a papel ridículo dessa
natureza. Humilhando toda a população que deveria bem representar!
Atitude comparável só à do próximo
presidente do STF, Luiz Fux, o da peruca, que ao agradecer à esposa do então
governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, pelo empenho na indicação que
resultou em sua nomeação para o STF, agindo como bom calhorda beijou-lhe os
pés! O Brasil é deprimente.
Impossível erguer um país como o
nosso, mergulhado na cultura da pornografia e do analfabetismo, onde as instituições
se apresentam comprometidas com o que se pode classificar de pior e mais
danoso. Por isso que a população foi toda desarmada pelos poderosos. Ficou mais
fácil de dominar e submeter.
Nossos homens públicos, além de
ladrões incorrigíveis, colocam sempre a ambição à frente de qualquer
planejamento. Não estão preocupados com o país ou com possível projeto de
nação. São despreparados, semialfabetizados e ridículos! Desejam apenas
dinheiro e poder. Desconhecem tudo a respeito de administração pública.
O que expôs a miséria dessa gente foi
a internet. Deixou-os nus! E eles não conseguem mais enganar ninguém. Não
passam de pilantras desmoralizados, desprovidos de senso crítico e qualquer
noção de respeito ou dignidade. Não percebem que são os principais (ir)responsáveis
pelo desmonte no qual serão os primeiros engolidos.