Por
Hugo OLAZAR
O
ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho completou nesta segunda-feira (6)
quatro meses de prisão domiciliar em um hotel em Assunção, acusado de usar um
passaporte paraguaio falso e sem nenhuma perspectiva de mudar sua situação,
disseram fontes de defesa à AFP.
"Não temos notícias sobre
Ronaldinho e seu irmão Roberto (Assis). Ainda estamos esperando que eles sejam
libertados. Não há novas evidências sobre eles", informou uma fonte de
defesa.
"Esperamos convencer o
Ministério Público a ordenar a liberdade o mais rápido possível",
reiterou.
Os mesmos promotores
declararam, há um mês, que não tinham mais perguntas a fazer sobre o ex-jogador
de futebol.
"Vamos determinar se isso
tem conexão com uma rede criminosa que falsifica passaportes que comprometam o
nome do Paraguai. É muito sério", disse à AFP o promotor Marcelo Pecci,
que lidera a investigação.
Pecci admitiu que Ronaldinho e
seu irmão Assis colaboraram. "Eles não mentiram", afirmou ele.
"Verificamos o uso
malicioso desses documentos falsos. Esses passaportes lhes dariam acesso ao
mundo em nome do Paraguai", enfatizou.
- Recluso em um hotel -
Ronaldinho e Assis permanecem em
detenção domiciliar no hotel Palmaroga, localizado no centro da capital
paraguaia.
O campeão na copa do mundo de
2002 enfrentou seu primeiro mês - entre março e abril - em uma prisão em
Assunção destinada a políticos corruptos, policiais envolvidos em crimes e
traficantes de drogas perigosos.
Seus defensores conseguiram a
prisão domiciliar no hotel após um acordo com seus proprietários do
estabelecimento, espanhóis oriundos de Barcelona.
"Nunca pensei em passar
por uma situação dessas", disse o ex-ídolo do FC Barcelona, do Milan e do
Paris Saint-Germain, entre outros clubes, na única entrevista que deu ao jornal
local da ABC em 26 de abril.
Para a defesa, Ronaldinho é
vítima de grupos de falsificadores com conexões na Polícia de Migração, que lhe
trouxeram passaportes de conteúdo falso quando ele entrou no Paraguai, em 4 de
março. Dois dias depois, ele foi preso, assim como seu irmão.
Além deles, outras 16 pessoas
foram detidas, a maioria delas oficiais da Diretoria de Polícia e Migração,
cujo chefe foi demitido.
O ex-jogador foi ao Paraguai
para participar de um evento de caridade para crianças pobres e também
planejava abrir um cassino administrado por um empresário de seu país.
Os irmãos apresentaram os
documentos paraguaios na chegada ao Aeroporto Internacional de Assunção, que
haviam sido arranjados pelos promotores de sua viagem.
Ronaldinho, que disse ter
contribuído com tudo o que sabe para colaborar com a investigação, pagou 1,6
milhão de dólares como garantia para o juiz ordenar a prisão domiciliar dele e
do irmão. No hotel, estaria pagando 700 dólares de diária.
"Nesse caso, participamos
do lançamento de um cassino online e do lançamento do livro autobiográfico 'Um
craque da vida' com a empresa que detém os direitos de imagem no
Paraguai", afirmou o ex-jogador, eleito o melhor do mundo em 2005.
Ele disse que seu único
interesse "era trazer alegria às pessoas do meu futebol". Ele lembrou
que planejava voltar ao Brasil em 7 de março para comemorar o aniversário de
seu filho. "Não sei o que aconteceu depois", disse ele.