Márcio Accioly
O estado de Roraima dispõe, apenas,
de cerca de oito por cento de suas terras para a utilização dos que ali
residem. É um percentual que limita sobremaneira a produção de alimentos e o
desenvolvimento daquela unidade federativa. Os estados da Região Norte sofrem
indescritível pressão para que permaneçam com sua economia paralisada.
O ex-governador roraimense Ottomar de
Sousa Pinto costumava denunciar as mais variadas manobras, exercidas por ONGs e
outros órgãos, que desejavam transformar a Amazônia numa terra intocável. As
ONGS, monitoradas por países do chamado primeiro mundo, sempre estiveram
interessadas nos minérios da Região Norte.
A criação de Reservas Indígenas com
extensas áreas veio exatamente com esse propósito: evitar que o Brasil explore
seu imenso potencial mineral, enquanto países alienígenas buscam meios e
argumentos para se apossarem daquela riqueza.
Isso ficou bem claro na controvérsia
criada (falsamente), em função de discurso proferido pelo senador Mecias de
Jesus (Republicanos/RR), ao apresentar emenda à Medida Provisória nº 901 que
trata da transferência de terras da União para os estados de Roraima e Amapá. O
mundo quase veio abaixo! E que propõe o senador?
A liberação de 50% da área destinada
aos produtores rurais, para a produção de alimentos. Isso quer dizer que o
estado estará apto a produzir alimentos em quatro por cento de sua área total,
já que apenas oito por cento das terras lhe pertencem. O restante, cerca de
92%, está sob domínio do Ibama, Reservas Indígenas e áreas militares.
Antes da homologação da Reserva
Indígena Raposa/Serra do Sol, Roraima havia se tornado polo produtor de arroz,
exportando, inclusive, para os demais estados da Região. Com a criação da
Reserva, tudo isso veio abaixo e os rizicultores foram banidos. A miséria se
instalou e boa parte dos indígenas que ali trabalhavam foram para Boa Vista.
Na Capital do Estado, os indígenas
mergulharam na mendicância, no vício do alcoolismo e na prostituição. Não se
tomou medida ou providência que compensasse grave prejuízo econômico. Agora, a
atuação de Mecias de Jesus retoma a bandeira do falecido governador Ottomar,
que sonhava com o desenvolvimento pleno do estado.
Em Roraima, as pessoas sabem de suas
dificuldades e sofrem taxativamente com os obstáculos criados para que se
impeça a produção agrícola. Os interessados em tumultuar estão ampliando a
ideia de que existe um projeto de desmatamento geral. Nada mais inverídico! O
que se deseja é uma área de quatro por cento para a produção agrícola.
Muitos debates e desencontros ainda
irão desenrolar. Mas a verdade terminará prevalecendo. Roraima, isolado no
extremo Norte do país, precisa ser descoberto pelo Brasil. Afinal, é lá que se
encontram as reservas de minérios dos mais raros do planeta, patrimônio valioso
da população brasileira. Desconhecer esse fato é perder suas riquezas.