Manchete
do jornal o Liberal: A juíza da 2ª Vara Judicial de Nova Odessa, Michelli
Vieira do Lago Ruesta Chanaman, aceitou a denúncia do MP (Ministério Público)
contra dois secretários da prefeitura e dois ex-servidores que teriam agido
junto com o prefeito Benjamin Bill Vieira de Souza (PSDB) para desviar
R$45.178,10 dos cofres públicos e beneficiar o assessor de gabinete e amigo de
infância do prefeito, Divair Moreira.”
A matéria acima serve de ilustração para mostrar o quadro de
corrupção em que se encontra o país, onde as irregularidades com o dinheiro
público não cessam de ocorrer.
Todos sabem que o país está repleto de desonestos públicos. E a
perspectiva de minimizar a situação não é nada promissora, tal é a audácia
criminosa de agentes públicos em persistir na irregularidade graças à
leniência de nossa legislação penal, que facilita a liberdade em
pouco tempo dos criminosos.
Vejam por exemplo o caso emblemático do ex-ministro Geddel Vieira
Lima, condenado, em 2017, a 14 anos e 10 meses pelos crimes de lavagem de
dinheiro e associação criminosa, que agora está sendo contemplado, de acordo
com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), com a
progressão para o regime semiaberto por ter cumprido em regime fechado a
fração da pena necessária para a obtenção do benefício.
Realmente, o país é um santuário de desonestos públicos, protegidos pela
benevolência legal, que não exige o cumprimento integral da pena de perda de
liberdade do agente público infrator.
A corrupção está institucionalizada no país e enriquece muita gente. A
corrupção permeia os Três Poderes da República e assim será
eternamente porque não temos um órgão, isento de controle político, capaz de
varrer a corrupção das instituições.
Eu duvido que exista político que não se beneficie da coisa pública. Uns
se beneficiam com menos e outros com mais, mas se beneficiam. Basta
ver a farra do dinheiro público circulando nos gabinetes de parlamentares sob
todas as formas: empreguismo, altos salários, mordomias, viagens mascaradas de
“a serviço”, “rachadinha” como a que enquadrou o senador Flávio Bolsonaro,
quando era deputado estadual da Alerj etc.
O brilhante e irônico jornalista e maior teatrólogo de todos os tempos,
Nelson Rodrigues, deixou cunhada esta pérola: “Eu me nego a acreditar que um
político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.” De fato, a
imoralidade do político nacional com o trato da coisa pública é caso de
polícia, tal é o descaramento com o zelo do dinheiro do contribuinte, do
Erário.
Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC