Por causa do empreguismo nos gabinetes de parlamentares, o país
assiste ao desenrolar da novela “rachadinha” na Alerj, tendo como pivô o
Senador Flávio Bolsonaro, mas que a maledicência de alguns, inclusive da mídia,
tenta denegrir a imagem do presidente Jair Bolsonaro de forma
gratuita apenas por ele ser o pai do senador.
O fato vexaminoso na Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro (Alerj) - envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz e o
então deputado e hoje senador Flávio Bolsonaro em negócios duvidosos de uso de
dinheiro público, em que o Coaf mostrou movimentação financeira considerada
suspeita na conta do ex-assessor de mais de R$ 1,2 milhão – é
uma mostra cristalina de irregularidade que certamente ocorre também
em todos os legislativos nacionais.
Do ponto de vista da moralidade pública, não há
indício de interesse dos próprios membros do Legislativo nacional em estancar
essa farra indiscriminada com o uso do dinheiro da nação, que ocorre nos
gabinetes dos parlamentares. E a farra é tão grande que existem servidores de
gabinetes faturando sem trabalhar, com a complacência inequívoca dos próprios
parlamentares.
Mas tudo isso é simples de se moralizar: 1) basta que
todos os servidores de gabinetes de parlamentares sejam
concursados e pertençam aos quadros de carreira dos
legislativos; 2) que não haja mais escritório remunerado de apoio nos estados e
municípios de representação dos parlamentares. Essa função poderia
ser exercida pelos diretórios dos partidos nas regionais, com
dinheiro do salário de cada parlamenta; e 3) redução significativa no número de
assessores e demais servidores.
Certa feita uma deputada me respondeu que o assessor
tem que ser uma pessoa de alta confiança. E que a sua assessora por ser
confiável e ter participado de sua campanha política merecia o cargo.
Ora, o Legislativo não pode ser diferente de outros
órgãos públicos. Por exemplo, no Banco Central do Brasil, um
assessor ou chefe de gabinete da Presidência ou da Diretoria é um elemento
aproveitado do próprio quadro do BACEN. Por que, então, no
Legislativo, o mesmo tratamento não é empregado? Respondam!
O Legislativo tem que dar exemplo de moralização pública e acabar
com o empreguismo de protegidos, ex-parlamentares, parentes, amigos etc. Se
todos os servidores de gabinetes de parlamentares fossem concursados, fato
desagradável e imoral denunciado na Alerj não existiria.
A farra do empreguismo nos gabinetes de parlamentares é tão
indecente que, recentemente, foi noticiado que a filha do ex-presidente
Lula, Lurian Cordeiro Lula da Silva, foi contratada
como assistente parlamentar do senador Rogério Carvalho (PT-SE) com
salário de R$ 10.763,57.
Para assumir o posto, Lurian pediu demissão da Alerj
(Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), onde estava nomeada pela deputada
estadual Rosângela Zeidan (PT) em novembro de 2017 com um
salário líquido de R$ 5.715,49. Fonte: Agência Estado.
Portanto, senhores e senhoras parlamentares, por que
todos os servidores de gabinetes de parlamentares não são concursados e
pertencentes aos quadros de carreira do Legislativo? Ou vamos continuar a
testemunhar, por exemplo, os hospitais públicos sucateados e sem médicos, os
pobres, que não tiveram a sorte de ser políticos, padecerem nas portas da saúde
pública e morrerem nas filas, porque o dinheiro da nação,
dos contribuintes, vai forrar os bolsos e as cuecas de políticos
ladravazes, corruptos e desqualificados.
Júlio César Cardoso
Servidor Federal aposentado
Balneário Camboriú-SC