Cássio Rizzonuto
(12.06.2019)
Diz velho adágio que “nada como um
dia atrás do outro e a noite no meio”. Em maio de 2004, Lula não era ainda
conhecido como ladrão, assaltante dos cofres públicos nem como bandido
desmoralizado que hoje se sabe ser.
Não era conhecido, também, por ter
enviado bilhões de dólares para a construção de metrô na Venezuela, Porto de
Mariel (Cuba), hidrelétricas na Nicarágua, Equador, Chile e outros países. Não
existiam no youtube tantos vídeos mostrando claramente o salafrário que é. Lula
era, “apenas”, presidente da República e construía biografia ruinosa.
No dia 9 de maio daquele ano, o
jornalista norte-americano Larry Rohter publicou, no New York Times, artigo em
que apontava o fato de sua então excelência ser alcoólatra. Foi um
deus-nos-acuda! Que fez o ladrão, salafrário, bandido e desmoralizado Lula da
Silva?
Dois dias depois da publicação do
artigo, o presidente expulsou o jornalista do Brasil. PT, PCdoB, PDT e outros
partidos não se reuniram para defender “respeito ao exercício da cidadania” de
Larry Rohter, como fazem agora o PT, PCdoB, PDT, PSB, PSOL e PCB com relação a
Glenn Greenwald..
Hoje, quem lê as notas publicadas no
Intercept, blog sob a responsabilidade de Greenwald, não encontra nada de
comprometedor para tanta celeuma. O problema é que no Brasil tudo se manifesta
em ondas: ninguém lê, estuda ou analisa fatos. Somos um país de cultura oral e
as ondas se propagam sem embasamento ou sentido.
O que se deseja saber é o seguinte:
por que ninguém cumpre pena no Brasil? Por que essa tal de progressão de pena
que infesta as ruas de bandidos comuns e outros nem tanto, numa impunidade que
se torna folclórica? Lula está preso injustamente? E os bilhões roubados do
BNDES, que encheram seus bolsos de propina e desmoralização?
Quando saiu da Presidência, Lula carregou
tudo que viu à frente, como se dono da União fosse. Do Alvorada, levou dois
caminhões frigoríficos com todas as bebidas armazenadas. Do Palácio do
Planalto, juntou nove caminhões entupidos de objetos e presentes recebidos como
chefe de governo, como se seus fossem.
Em Pernambuco, a Refinaria Abreu e
Lima, orçada de início em dois bilhões e alguns milhões de dólares, ultrapassou
o orçamento em quase meia centena de bilhões, sem que nada fosse apurado nos
excessos. Lula da Silva é, talvez, pelo menos até hoje, o maior canalha já
produzido neste país de canalhas desmoralizados!
E o STF? Por que alguns dos ministros
se mostram tão atentos em apontar Sérgio Moro como responsável por crime
inominável, quando não abriram a boca em relação à acusação de que o presidente
do órgão, Dias Toffoli, recebe propina mensal de cem mil reais? Tudo
documentado e fotografado, com nomes valores e datas?
O que as ratazanas adeptas de velhas
práticas desejam é mergulhar o país num turbilhão sem saída, fazendo com que as
mudanças sejam possíveis tão somente com explosão sem medida. Pode ser que
consigam. O fato é que produzem tempestades bem programadas que podem, nalgum
dia, fugir inteiramente do controle.