Márcio Accioly
(25/06/2019)
O senador Mecias de Jesus (PRB), tem
repercutido, no Congresso Nacional, Relatório produzido pela CDH, Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Roraima, onde é analisado impacto
produzido no Estado pela grande quantidade de refugiados provenientes da
Venezuela. O cenário é caótico e assustador.
Apesar de confundir o gravíssimo problema do
afluxo de refugiados, como “crise migratória”, a Comissão aponta abalos que tal
movimento tem exercido, pois dentro em pouco existirá em Roraima “um país
inteiro dentro de um estado”. Calcula-se que 30% dos que ali vivem, no momento,
são refugiados venezuelanos.
De acordo com a CDH, “a saúde é uma das mais
atingidas”. Além de “crise financeira sem precedentes”, decorrente da má gestão
estadual anterior, a situação se agravou em razão de conflitos ocorridos na fronteira
entre os dois países. O fluxo de refugiados superlotou hospitais roraimenses e
esgotou medicamentos ainda disponíveis.
Mecias de Jesus tem peregrinado através de
Ministérios, órgãos federais e no Palácio do Planalto. Nos contatos efetuados
no Senado, tem buscado partidários para a sua causa na tentativa de encontrar
urgente saída para o imbróglio. Mas ele percebe com inquietação que a distância
dos fatos não oferece real noção da tragédia que se desenrola.
Recentemente, diante da notícia de que
moradores do município de Pacaraima estariam expulsando venezuelanos, a Rede
Globo inseriu passagem numa de suas novelas, afirmando que os roraimenses estão
hostilizando os venezuelanos. Jogou contra a população, resumindo o desastre a
querelas vãs.
O fato motivou, inclusive, manifestação do
senador durante a presença do ministro da Justiça, Sérgio Moro, em depoimento
numa das Comissões daquela Casa. Mecias falou do clima de medo e apreensão
existente no estado, em função dos altos índices de criminalidade por conta das
ações de parte dos refugiados.
A presença maciça de venezuelanos tem
sobrecarregado gastos e custos no desempenho da administração estadual. Se não
forem tomadas providência urgentíssimas, o colapso será inevitável. No
Relatório da CDH, o caso é mostrado com clareza, inclusive com números que
indicam abalos significativos na educação.
Somente no último mês de abril, quase três mil
alunos foram matriculados em escolas públicas do estado, sem contar os que se
abrigaram na rede municipal. É como se a Venezuela estivesse transferindo seu
contingente populacional para Roraima, sem que houvesse aumento proporcional na
receita estadual para enfrentar o problema.
A verdade é que Roraima pede e necessita de
socorro. Quem está distante dessa encrenca, vivendo em outras regiões do país,
não deve esquecer que brasileiros do extremo Norte anoitecem e amanhecem
vivendo desdita que não emite sinais de arrefecimento. Pelo contrário, a
pressão aumenta a cada dia.
Num país onde cuidados costumam levar anos de
estagnação, à espera de medidas paliativas, a questão dos refugiados
venezuelanos se encontra inserida entre as de maior premência dentre todas. É
matéria de sobrevivência de um estado. E de um povo.