Cássio
Rizzonuto
(04/06/2019)
Quem
quer que analise a chamada “tentativa de fraude”, na eleição da Mesa do Senado,
se possuir uma mínima capacidade de raciocínio irá entender que o senador
Mecias de Jesus (PRB-RR) não tem como estar envolvido. Essa “briga” deve ser
classificada como pertencente a “cachorro grande”.
A
primeira pergunta a ser formulada, numa apuração isenta e justa, deve ser: “-Se
é de apenas 81 senadores, o total de integrantes daquela Casa, por que José
Maranhão (MDB-PB), que presidiu a sessão, e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE),
que a secretariou, assinaram 82 cédulas de votação?
A
parte estranha do episódio começa ali.
A
segunda questão indaga: como um senador eleito por estado quase sem peso
político, isolado no extremo Norte do país, que não tinha proximidade com
qualquer dos figurões daquela Casa Congressual, chega assim, de chofre, e busca
alterar, por conta própria, a eleição do presidente da Mesa? Como ele poderia
agir sozinho?
Essa
história não entra na cabeça de ninguém! Claro que os principais envolvidos
estão atrás de boi de piranha. Desejando purgar seus erros, e evitar mancha na
projeção da instituição, apontando personagem que entra na história empurrado
pelas mais sórdidas intenções de velhos personagens.
Além
do mais, desde que chegou a Brasília, a fim de tomar posse, Mecias de Jesus declarou
aos quatro cantos sua simpatia pela candidatura do amapaense Davi Alcolumbre
(DEM), afinal eleito, justamente por entender que ele traduzia, naquele
instante, o sentimento de mudança manifestado pela população.
As
imagens do pleito mostram o presidente da sessão, José Maranhão, rasgando as
duas cédulas comprometedoras e enfiando-as no bolso do paletó. Maranhão era
exposto, diariamente, como dos maiores defensores da candidatura Renan
Calheiros. Ele e seu secretário na eleição, Fernando Bezerra Coelho.
Interessante
constatar que, na ocasião da votação, registrou-se “equívoco”. Foram entregues
80 envelopes e 82 cédulas eleitorais. Quatro senadores deixaram de votar, entre
eles, Renan Calheiros (MDB-AL), que desistiu de concorrer ao cargo na votação
final, e Jáder Barbalho (MDB-PA).
A
tendência é arquivar a investigação, segundo informam pessoas ligadas ao
corregedor da Casa, Roberto Rocha (PSDB-MA). Este, inclusive, irá concluir o
mandato como corregedor em junho e já decidiu que não pretende renová-lo, pois
sofreu “grande desgaste político”.
Pessoas
ligadas ao corregedor comentam que o relatório por ele produzido irá apontar
Mecias de Jesus como responsável. Assim, é muito fácil! Vamos ver se é possível
provar. Mostrar um senador de primeiro mandato, vindo de Roraima, alterar todos
os procedimentos do Senado para fraudar eleição cujo resultado será o que ele
deseja.
Fazer
o presidente, na condução dos trabalhos, assinar 82 cédulas de votação, quando
deveria ser somente 81, entregar somente 80 envelopes, quando deveriam ser 81,
e entregar, ainda, oitenta e duas cédulas de votação, numa eleição em que
quatro participantes não votaram. Somente 77 senadores foram às urnas, num
universo de 81.
Com
tal genialidade, o praticante de tal golpe, sozinho, certamente iria tentar a
Presidência da República, numa próxima jogada.
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