Por Cássio
Rizzonuto
(17/05/2019)
O
Brasil é uma República de Canalhas! Não há como negar. Trata-se de herança da
colonização portuguesa que aqui implantou o horror ao estudo (aversão aos
livros), o culto ao puxa-saquismo e a adoração ao dinheiro. Mas dinheiro sem a
especialização através do estudo (sem amor aos livros) brota apenas da
bajulação pela sobrevivência.
Não
existe economia no mundo que resista a esses fatores. E é o estado, somente o
estado, a única entidade capaz de prover e abastecer analfabetos e
desinformados que se amontoam e se agrupam aos milhões. Nenhuma empresa privada
conseguiria sobreviver com nossos líderes políticos como seus funcionários. É o
caso de se dizer:
“-Pai,
perdoa-os. Eles não sabem o que fazem”.
Por
isso, mortal disputa pelos cargos públicos. Todos os anos eleitorais, levas de
candidatos dos mais desmoralizantes e desmoralizados assumem postos dos mais
importantes na nossa República. Nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas
e Congresso Nacional, o nível intelectual dos que ali ancoram dá ânsia de
vômito.
O
genial músico brasileiro, Tom Jobim, compositor das mais belas páginas de nossa
MPB (hoje praticamente esquecido), sentenciou certa vez que “-O Brasil não é para
amadores”. Mostrou, na afirmação, ser não apenas figura ímpar do nosso
cancioneiro, mas analista político de primeira grandeza.
O
medo é o Brasil ficar parecido com a Venezuela. Nossas injustiças são tão
cruéis que se teme a possibilidade de grupos organizados passarem a fazer
Justiça com as próprias mãos. Já existe caos generalizado em muitos, vários
estados. Lugares onde o crime domina e no qual cidadãs e cidadãos não circulam
livremente.
Mas
crime organizado mesmo é o que domina as instituições brasileiras. É aberto e
escancarado, exibido todos os dias e quase nada se faz. Hoje, no Brasil, apesar
do desmonte do Poder Legislativo, não existe nada pior do que o Judiciário. Os
Três Poderes sempre se acumpliciam e se alimentam em atos de corrupção desvairada.
Mas
vamos ao que interessa: na página da Cia. Vale do Rio Doce é anunciado que a
barragem Sul Superior, localizada em Barão de Cocais (MG), vai romper. Está em
nível 3. Depois de Mariana e Brumadinho, mais três municípios daquele estado
serão atingidos. Até agora, ninguém foi indenizado nos “desastres” anteriores
(crimes, na realidade).
Grupos
transnacionais levam todo o minério, enchem as burras, destroem um estado
inteiro e o Judiciário se omite. Ninguém é preso e ninguém está a salvo. A
contaminação de minérios pesados já atingiu o mar de abrolhos, na Bahia. O Rio
Doce foi destruído. Acabaram-se os peixes, as pousadas e o turismo naquela
Região. E daí?
A
Vale do Rio Doce, nos anos eleitorais, financia candidaturas de deputados
federais que criam leis que a beneficiam e consolidam a impunidade. O
ex-deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), por exemplo, é dos maiores defensores
das mineradoras. Nasceu em Brasília. Três mandatos em Minas. A população deixou
de elegê-lo em 2018.
Mas
está enganado quem imagina que o quadro vai melhorar. O Congresso nada aprova
de interesse da população. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (junto com o
pai, César Maia), aparece em planilhas de propinas de construtoras. Com
políticos assim, analfabetos e que só olham o próprio umbigo, o país está à
deriva. E o caos se aproxima.
A
chamada esquerda continua forte e em postos chave. Desprezada pela população,
nas urnas, continua dando cartas aos berros e na intimidação. A questão é saber
até onde a economia terá fôlego e até quando iremos todos para o abatedouro
como carneirinhos.
Com
analfabetos assumindo funções e cargos, para os quais não se mostram
preparados, caminhamos para o desespero. O Brasil é país de faz-de-contas.