Por
Edinei Muniz
No
dia de ontem, poucas horas após ter participado de uma reunião de alinhamento
estratégico com Bolsonaro, cuja pauta foi a reforma da Previdência, mais
parecendo um papagaio de pirata do presidente, Gladson chamou a imprensa local
à boca do palco e protagonizou mais uma das suas corriqueiras manifestações
graves e carentes de nexo de coerência.
A
referida fala, manifestada na forma de pérola da semana, trouxe insinuações
sobre a possibilidade do governo local ter que vir a decretar Estado de
Calamidade Financeira nos próximos meses.
Para
sustentar a necessidade de adoção da medida extrema, Gladson ilustrou a
referida fala mencionando o crescente e galopante déficit do
Acreprevidência.
Em
específico, citou a necessidade de aporte mensal de R$ 40 milhões, vindo do
cofre do Tesouro Estadual, para fazer frente ao atual estágio de desequilíbrio
do Regime Próprio de Previdência dos Servidores Estaduais.
Em
relação ao montante do déficit, Gladson foi preciso e não faltou com a verdade.
A situação concreta é essa mesmo.
No
entanto, não é verdade que uma eventual não aprovação da reforma do Regime
Geral irá inviabilizar as contas públicas locais no curto e até mesmo no
médio prazo.
Não é
verdade por um motivo simples: não existem itens salvadores inseridos na
reforma proposta por Bolsonaro aptos a provocarem mudanças consistentes no
curto e médio prazo no âmbito do Acreprevidência.
O
problema do Acreprevidência é bem mais embaixo e as incoerências e omissões
administrativas do próprio Gladson é que estão colaborando para a
irreversibilidade da tendência de piora progressiva do órgão, instalada
pelos governos anteriores.
Os
maiores problemas do Acreprevidência - e tais verdades já foram ampla e
categoricamente demonstradas - são de ordem administrativa.
Provas
definitivas de vícios administrativos gravíssimos instalados no órgão ao longo
dos últimos anos não deixam margens para dúvidas: o Acreprevidência vem sendo
vítima de má gestão há pelo menos duas décadas e as margens para eventuais
contestações dessa dura verdade são praticamente inexistentes.
Quanto
a tal constatação, o ex-gestor interino do órgão, o Dr. Alércio Dias, não tinha
como ser mais preciso e objetivo ao mencioná-la, e com dados seguros, dias
atrás.
Portanto,
a má gestão do Acreprevidência, acumulada historicamente por anos à fio, é que
deveria ser objeto de atenção e cuidado corretivo por parte do governador
Gladson Cameli.
Porém,
tristemente, não é o que temos visto desde os primeiros dias de governo. O que
temos visto - e contestar tais equívocos também é impossível - são
demonstrações nítidas vindas do Palácio Rio Branco da sua incapacidade de
libertar o órgão da insegurança jurídica decorrente da interinidade
administrativa que hoje o afeta gravemente.
Tal
situação, por sinal, gravíssima, é tudo o que o Acreprevidência não precisa,
eis que a inércia paralisante do governo nesse campo está servindo, como não
poderia deixar de ser, de fermento colaborativo para o agravamento do quadro de
desequilíbrio previdenciário local.
Insatisfeito
com tal estagnação administrativa, o que tem feito Gladson diante de tamanho
absurdo?
Optou
pelo pior caminho, e influenciado sabe lá Deus por quem, Resolveu cavar o
fundo do poço e acenou dias atrás com a possibilidade de usar a própria caneta
para perpetuar os infindáveis vícios de má gestão verificados ao longo dos
anos.
Gladson,
ao indicar um personagem histórico do órgão, remanescente do governo
anterior, para a posição administrativa de topo, deixou bem clara, e de
modo flagrantemente inconteste, sua inexplicável opção pela manutenção dos
desmandos administrativos, amplamente verificados frente à gestão do órgão ao
longo dos últimos anos.
O
pior de tudo é que o fez com a covardia extrema de insinuar, de modo
transverso, que não existem quadros disponíveis no seio da sua própria base
para a gestão do referido órgão, o que, com todo respeito, não é verdade. Chega
a ser até mesmo uma piada tal argumento. Por sinal, de um péssimo gosto
cavalar.
Por
fim, faz bem lembrarmos e pontuarmos algumas falas que andam ecoando por aí
quanto aos interesses ocultos, bem como as forças que andam influenciando tal
opção de escolha para a gestão do órgão previdenciário.
Dizem
tais vozes que o martelo teria sido batido num certo gabinete do Tribunal de
Contas em meio às disputas internas por espaços de poder dentro do
governo.
Pois
é! O conselheiro titular influenciador da decisão de fazer o futuro repetir o
passado, é o mesmo que assinou um certo levantamento recente realizado pelo TCE
onde foram constatados vícios de má gestão vindos do Acreprevidência e
que representam um verdadeiro caso de polícia.
O que
afinal almejam tais setores do TCE ao sugerirem a Gladson a manutenção dos
desmandos que eles próprios constataram com tamanha riqueza de
detalhes?
Diante
de tal cumplicidade influente vinda do TCE, e prontamente direcionada por
Gladson ao Acreprevidência na forma de continuidade de vícios históricos
de má gestão, revelam que se há no Acre algum Estado de Calamidade tal Estado
de Calamidade é de ordem administrativa e seus autores já são por demais
conhecidos.