Por Edinei Muniz
Tendo como base um estudo publicado na última
quinta-feira pelo Movimento Todos Pela Educação, intitulado 'Monitoramento da
Meta 3', o atual Secretário de Educação do Governo Gladson terá, em síntese,
dois grandes desafios fundamentais. O primeiro desafio decorre do sucesso. O
segundo, brota do fracasso das gestões anteriores.
O sucesso mencionado diz respeito ao nível de
aprendizagem no Ensino Fundamental, onde o desempenho do Acre aparece destacado
positivamente em nível nacional.
Segundo aponta o estudo do Todos Pela Educação,
entre 2007 e 2017, os avanços nos níveis de aprendizagem dos acreanos em
Português e Matemática do Ensino Fundamental só foram menores do que aqueles
verificados nos estados do Ceará e Goiás. E com um detalhe: o Ceará está sendo
investigado por suspeitas de fraudes no IDEB.
Em sendo assim, sem nenhuma margem para
contestações, o desafio do atual governo está em valorizar os avanços e não
permitir eventuais estagnaçôes ou até mesmo retrocessos.
Por falarmos em retrocessos, é bom que se diga, não
começamos nada bem com essa história de atraso no início do ano letivo.
Um mês e meio de atraso em relação aos demais
estados é muita coisa. Os Acreanos chegaram atrasados nas escolas em
2019!
De qualquer sorte, só nos resta torcermos para que
as escolas municipais salvem a média positiva no próximo IDEB (elas já fazem
isso), já que na oferta do Ensino Fundamental o estado não está sozinho e o
desempenho de alguns entes municipais - como é o caso de Rio Branco
- superam a média do estado.
Agora vamos ao segundo desafio...
O segundo desafio, na forma de tragédia, vem do
Ensino Médio, onde, diferente do Ensino Fundamental, vivemos cenário que
combina estagnação com retrocesso. Os dados são dramáticos!
Segundo aponta o levantamento do Todos Pela
Educação, o desempenho dos estudantes acreanos em Língua Portuguesa do Ensino
Médio mostrou-se estagnado entre 2007 e 2017.
Houve um pequeno avanço no período, mas foi tão
irrisório que terminamos posicionados entre os cinco piores do país no período
levantado.
Em
Matemática, por sua vez, a situação está bem pior. Regredindo, fechamos o
levantamento nas últimas posições do ranking nacional.
Os dados
do Ensino Médio - que é onde emcontramos a faixa etária mais exposta à
vulnerabilidade juvenil - guardam perfeita e trágica sintonia com os relatórios
carcerários, taxa de ociosidade e índices de mortalidade juvenil do
estado.
Não tem
escapatória! O que falta numa ponta fatalmente será revelado como tragédia na
outra ponta.
Com todo
respeito que devo a Gladson, como amigo, colega de partido e aliado, mas
esperávamos um pouco mais de cuidado no trato com as demandas da pasta.
Abro os
jornais e só o que vejo é gente reclamando do processo seletivo. Enquanto isso,
milhares de alunos, já praticamente em abril, seguem sem aulas. Desculpem, mas
não consigo engolir isso como se não fosse um tremendo absurdo!
Aqui e
ali leio nos jornais o atual secretário acusando o anterior de prática de atos
de improbidade, insinuando que tais atos deram causa ao atraso. Mas não ouço
sequer um piu vindo da CGE, PGE e Ministério Púbico.
Convenhamos,
meus senhores! Se o ex-secretário, por faltar com o dever de boa-fé na
transição, cometeu ato de improbidade que seja formalmente denunciado,
investigado e, se culpado, condenado.
O que não
podemos aceitar é um secretário acusando o seu antecessor sem apontar à
sociedade onde estão localizados os atos que, atrapalhando a sua gestão,
prejudicam hoje milhares de acreanos.